A frase de Friedrich Nietzsche contida na imagem, escrita no final do século 19, é provocativa. Nos tempos atuais, de um hedonismo exacerbado, muitos vivem em um estado de pressa permanente, respondendo a estímulos quase que de forma mecânica. Mas, será isso a verdadeira liberdade?
Segundo o filósofo inglês e guru dos hippies, Alan Watts, vivemos em um estado perene de “estimulação violenta e complexa dos sentidos, que nos torna progressivamente menos sensíveis e, portanto, mais necessitados de estimulação ainda mais violenta. Ansiamos por distração, um panorama de visões, sons, emoções e excitações em que o maior número possível de coisas deve ser acumulado no menor tempo possível […] E apesar da tensão nervosa, estamos convencidos de que o sonho é um perda de tempo valioso e continuamos a perseguir essas fantasias até tarde da noite.”
Watts parece dialogar com Nietzsche, que na obra “O crepúsculo dos ídolos”, escreveu: “Você tem que aprender a ver e você tem que aprender a pensar […] Aprender a ver significa ficar de olho na calma, paciência, deixando as coisas chegarem perto de nós ; aprenda a adiar o julgamento, a cercar e cobrir o caso particular de todos os lados ”. Assim, devemos aprender a “não responder imediatamente a um estímulo, mas controlar os instintos que põem obstáculos, que nos isolam”, para dessa forma saber de fato o momento certo das nossas decisões e ações.
Ouçamos também Henry David Thoreau, lembrando que “nada é tão útil ao homem como a resolução de não ter pressa”. Por isso, com a pena poética de Miguel Torga, sem pressa, recomeça sempre:
“Sísifo
Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...”
Esse é um possível caminho para uma vida bem vivida, pois “a pressa é universal porque todos estão fugindo de si mesmos” (Nietzsche).
Carpe diem! Sem pressa...
Gustavo Senna Miranda
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