sábado, 28 de julho de 2012

Waking Life

Não poderia deixar de indicar esse filme a você. É um filme com idéias filosóficas muito profundamente colocadas. Além, é óbvio, de seu apelo estético, pois é gravados com atores reais mas redesenhados em forma de quadrinhos por computador. Não deixe de vê-lo.

Abaixo coloco uma parte dele em que o ator argumenta sobre o "Livre-Arbítrio"


It's easy to think that science has come to take the place of God. But some philosophical problems remain as troubling as ever. Take the problem of free will. This problem's been around for a long time, since before Aristotle in 350 B.C. St. Augustine, St. Thomas Aquinas, these guys all worried about how we can be free... if God already knows in advance everything you're gonna do.

Nowadays we know that the world operates according to some fundamental physical laws, and these laws govern the behavior of every object in the world. Now, these laws, because they're so trustworthy, they enable incredible technological achievements. But look at yourself. We're just physical systems too. We're just complex arrangements of carbon molecules. We're mostly water, and our behavior isn't gonna be an exception to basic physical laws.

So it starts to look like whether it's God setting things up in advance... and knowing everything you're gonna do... or whether it's these basic physical laws governing everything. There's not a lot of room left for freedom. So now you might be tempted to just ignore the question, ignore the mystery of free will. Say, "Oh, well, it's just an historical anecdote. It's sophomoric. It's a question with no answer. Just forget about it". But the question keeps staring you right in the face. You think about individuality, for example, who you are. Who you are is mostly a matter of the free choices that you make.

Or take responsibility. You can only be held responsible, you can only be found guilty or admired or respected... for things you did of your own free will. The question keeps coming back, and we don't really have a solution to it. It starts to look like all your decisions are really just a charade. Think about how it happens. There's some electrical activity in your brain. Your neurons fire. They send a signal down into your nervous system. It passes along down into your muscle fibers. They twitch. You might, say, reach out your arm. Looks like it's a free action on your part, but every one of those... every part of that process... is actually governed by physical law: chemical laws, electrical laws and so on.

So now it just looks like the Big Bang set up the initial conditions, and the whole rest of our history, the whole rest of human history and even before, is really just sort of the playing out of subatomic particles... according to these basic fundamental physical laws. We think we're special. We think we have some kind of special dignity, but that now comes under threat. I mean, that's really challenged by this picture.

So you might be saying, "Well, wait a minute. What about quantum mechanics? "I know enough contemporary physical theory to know it's not really like that." It's really a probabilistic theory. There's room. It's loose. It's not deterministic". And that's gonna enable us to understand free will. But if you look at the details, it's not really gonna help... because what happens is you have some very small quantum particles, and their behavior is apparently a bit random. They swerve. Their behavior is absurd in the sense that it's unpredictable... and we can't understand it based on anything that came before. It just does something out of the blue, according to a probabilistic framework. But is that gonna help with freedom? Should our freedom just be a matter of probabilities, just some random swerving in a chaotic system?

Motoqueiro fantasma


O piloto Greger Johansson sentiu na pele o que é uma explosão de um Dragster desses. Ainda bem que saiu ileso.

Quase humano.....


Fala sério!!!!


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Bom FDS....


It´s truth


Bela imagem


Homenagem a Spinoza




"Maldição sobre o passante que insultar essa suave cabeça pensativa. Será punido como todas as almas vulgares são punidas – pela sua própria vulgaridade e pela incapacidade de conceber o que é divino. Este homem, do seu pedestal de granito, apontará a todos o caminho da bem-aventurança por ele encontrado; e por todos os tempos o homem culto que por aqui passar dirá em seu coração: Foi quem teve a mais profunda visão de Deus".

Ernest Renan, em 1882. Comentário ao monumento em homenagem a Spinoza em Haia.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Série Foto linda....


Tenho sempre que me lembrar disso. Mas pena que minha memória é curta....




Justo lembrar:
A voz humana está carregada de vibrações
Esforça-te por evitar os gritos intempestivos e inoportunos.
Uma exclamação tonitruante equivale a uma pedrada mental.
Se alguém te dirige a palavra em tom muito alto,
faze-lhe o obséquio de responder em tom mais baixo.

Os nervos dos outros são iguais aos teus:
Desequilibram-se facilmente.
Discussão sem proveito é desperdício de forças.

Não te digas sofrendo esgotamento e fadiga para
poder lançar frases tempestuosas e ofensivas;
Aqueles que se encontram realmente cansados
procuram repouso e silêncio.

Se te sentes à beira da irritação
estás doente e o doente exige remédio.
Barulho verbal apenas complica.
Pensa nisso: a tua voz é o teu retrato sonoro.

EMMANUEL
(Do livro "Calma", de Chico Xavier)

A imagem já revela o autor





Thou who art I, beyond all I am
Who hast no nature, and no name
Who art, when all but thou are gone
Thou, centre and secret of the Sun

Thou, hidden spring of all things known
And unknown, Thou aloof, alone,
Thou, the true fire within the reed
Brooding and breeding, source and seed
Of life, love, liberty, and light
Thou beyond speech and beyond sight

Thee I invoke, my faint fresh fire
Kindling as mine intents aspire
Thee I invoke, abiding one,
Thee, centre, and secret of the Sun

And that most holy mystery
Of which the vehicle am I
Appear, most awful and most mild
As it is lawful, in thy child


It´s a Long way



It's A Long Way
Olivia Broadfield

Woke up this morning
singing an old Beatles song
We're not that strong my lord
you know we ain't that strong
I hear my voice among the others
Through the break of day

Hey brothers
Say brothers
It's a long, long, long... way
It's a long, long, long... way
It's a long and winding road (it's a long way)
It's a long and winding road (it's a long way)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

The true birthplace


Pense nisso e veja se seu verdadeiro nascimento já ocorreu....

The Aliens





The Aliens
Charles Bukowski

you may not believe it
but there are people
who go through life with
very little
friction or distress.

they dress well, eat well,
sleep well.
they are contented with
their family life.

they have moments of grief
but all in all
they are undisturbed
and often feel very good.

and when they die
it is an easy death,
usually in their sleep.

you may not believe it
but such people do exist.

but I am not one of them.
oh no, I am not one of them,

I am not even near to being one of  them
but they are there

and I am
here.

Esteja sempre preparado para a chuva


Native American


terça-feira, 24 de julho de 2012

Love or Hate


Outra RSD


Hummer H1

Cara, sou apaixonado por esse carro. Mas tem que ser o H1, nenhum outro....



Einstein era Nietzschiano


Versão Nietzschiana para os 10% de criatividade e 90% de transpiração de Einstein.

"Guardai-vos de falar de dotes naturais, de talentos inatos! Poderíamos citar grandes homens em todas as esferas que foram mal dotados. Mas "adquiriram" a grandeza, tornaram-se "gênios" (assim os chamam), por qualidades que não queremos reconhecer que nos faltam a nós: todos eles tiveram esta robusta consciência de artistas que começam a aprender, a formar perfeitamente as partes, antes de arriscar em-se a formar um todo grandioso; gastaram muito tempo para tanto, porque lhes agradava mais a confecção perfeita do pormenor, do acessório, que o efeito de um conjunto deslumbrador. A receita, por exemplo, para chegar a ser um bom novelista é fácil de dar, mas a execução supõe qualidades que geralmente se perdem de vista quando se diz: "Não tenho bastante talento". Façamos mais de cem projetos de novelas, que não ultrapasse nenhuma mais de duas páginas, mas escritas com tal propriedade, que não sobre nenhuma palavra, e ponhamos todos os dias, por escrito, anedotas, até chegar a aprender a forma mais plena, mais eficaz; sede infatigáveis em recolher e pintar tipos e caracteres humanos; relatai sempre que possais, e escutai os relatos com ouvido atento para perceber o efeito de costumes; extraí para vosso uso, de cada ciência, aquilo que, bem exposto, é capaz de produzir efeitos artísticos; refleti, afinal, sobre os motivos das ações humanas, não desdenheis nenhuma educação que possa instruir-vos sobre este ponto e colecionai todos estes dados, noite e dia. Invertei nessas múltiplas experiências uns dez anos; e então o que produzirdes em vosso gabinete poderá sair à luz pública. Que é que faz a maioria? Não começa pela parte, mas pelo todo. Alguma vez, baterão o prego, despertarão a atenção, e desde então, como é natural, baterão cada vez mais na ferradura. Às vezes, quando a inteligência e o caráter faltam para formar este plano de vida artística, o destino e a necessidade são os que tomam a direção e conduzem a pouco e pouco o futuro mestre através de todas as exigências do seu ofício".


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Continuidade ao Setenário de Mário



Jung: o número como um arquétipo

Desde épocas mais remotas, o homem serviu-se de números para determinar as coincidências significativas, isto é, as coincidências que podem ser interpretadas. O número é algo de especial - poderíamos mesmo dizer misterioso.  Ele nunca foi inteiramente despojado de sua aura numinosa. Se, como diz qualquer manual de matemática, um grupo de objetos for privado de todas as suas características, no final ainda restará o seu número, o que parece indicar que o número possui um caráter irredutível. (Não me ocupo aqui com a lógica dos argumentos matemáticos, mas com sua psicologia!). A série dos números inteiros é inesperadamente mais do que uma mera justaposição de unidades idênticas: ela contém toda a matemática e o mais que ainda pode ser descoberto neste campo. O número, portanto, é uma grandeza imprevisível, e não é certamente por acaso que o cálculo é justamente o método mais apropriado para tratar do acaso. Embora eu não tenha a pretensão de dizer algo de esclarecedor entre a relação entre dois objetos tão aparentemente incomensuráveis entre si como a sincronicidade e o número, contudo, não posso deixar de acentuar que eles não somente foram sempre relacionados entre si, mas que ambos tem igualmente a numinosidade e o mistério como características comuns. O número sempre foi usado para caracterizar qualquer objeto numinoso, e todos os números de um ate nove são "sagrados", da mesma forma como 10, 12, 13, 14, 28, 32 e 40 gozam de uma significação especial. A qualidade mais elementar de um objeto é ser uno ou múltiplo. O número nos ajuda, antes e acima de tudo, a por ordem no caos das aparências.  É o instrumento indicado para criar a ordem ou para apreender uma certa regularidade já presente, mas ainda desconhecida, isto é, um certo ordenamento entre as coisas. É o elemento ordenador mais primitivo do espírito humano, sendo de observar que os números de um a quatro são os de maior frequência e os mais difundidos, pois os esquemas ordenadores primitivos são predominantemente as tríades e as tétradas. A hipótese de que o número tem um fundo arquetípico não parte de mim, mas de certos matemáticos [...]. Por isto não é absolutamente uma conclusão tão ousada definirmos o número como um arquétipo da ordem que se tornou consciente. Fato notável é que as imagens psíquicas da totalidade, produzidas espontaneamente pelo inconsciente ou os símbolos do Self (Si-mesmo) expressos em formas mandálica, possuem estrutura matemática. Geralmente trata-se de quaternidades (ou seus múltiplos). Essas estruturas não exprimem somente a ordem, como a criam também. É por isto que elas geralmente aparecem em épocas de desorientação psíquica, para compensar um estado caótico ou para formular experiências numinosas. Mais uma vez devemos acentuar que estas estruturas não são invenções da consciência mas produtos espontâneos do inconsciente, como a experiência já mostrou de modo suficiente. Naturalmente, a consciência pode imitar estes esquemas ordenadores, mas tais imitações não provam que os originais sejam invenções conscientes. Daqui se deduz incontestavelmente que o inconsciente emprega o número como fator ordenador.

Excertos do livro "Sincronicidade" de Carl Gustav Jung (pag. 32-33)

Bob, O Bardo Moderno


One Too Many Mornings
Bob Dylan

One Too Many Mornings
Down the street the dogs are barkin'
And the day is a-gettin' dark.
As the night comes in a-fallin'
The dogs 'll lose their bark
An' the silent night will shatter
From the sounds inside my mind
For I'm one too many mornings
And a thousand miles behind

From the crossroads of my doorstep
My eyes they start to fade
As I turn my head back to the room
Where my love and I have laid
An' I gaze back to the street
The sidewalk and the sign
And I'm one too many mornings
An' a thousand miles behind

It's a restless hungry feeling
That don't mean no one no good
When ev'rything I'm a-sayin'
You can say it just as good
You're right from your side
I'm right from mine
We're both just too many mornings
An' a thousand miles behind

Uma semana divertida para você


Wake up


domingo, 22 de julho de 2012

Denise Rocha



Cara, porque tanta estapafúrdia sobre esse caso? O senador Ciro Nogueira, e os cidadões dessa nação, deveriam estar preocupado sim com a condução das políticas nacionais. Esse senador, por exemplo, deveria dar sinal de condição moral, primeiramente afrontando amiguinhos de seu próprio partido, como o Sr. Maluf, e não informando agora que a menina será demitida de seu cargo.

Mas numa coisa ela é culpada.... Não saber usar o corpão que Deus lhe deu.... porque vai transar mal assim na caixa-prego... E o Ricardão? Esse deveria ter vergonha de mostrar suas vergonhinhas de fora e também por nem saber o que fazer com aquela mulher toda.... Mas, afinal, nem ela sabe....  hahahahahahahaha!!!!!

I think about all of us walking our own Green Mile

Revi esse filme ontem, The Green Mile (A espera de um milagre), o que já deve ser a milésima, e sempre me emociono com essa parte do filme. O elenco é de primeira, capitaneado por Tom Hanks, que para mim é um dos melhores atores da atualidade. Não faz filme porcaria e trabalha muito. Esse cara consegue ser uma pessoa totalmente diferente a cada papel que faz. A mesma cara, mas transmite uma personalidade diferente em cada um. Não sei se é o roteiro que é muito bom, mas o diretor Frank Darabont também ajudou bastante.

Esse cara fez entre outras coisas, The Majestic, estrelado por Jim Carrey, que quando não está fazendo caretas em comédia, trabalha muito bem também, vide O Show de Truman - O Show da Vida, e The Shawshank Redemption (Um Sonho de Liberdade), estrelado por Tim Robbins e Morgan Freeman, outros dois ótimos atores. Enfim, vale a pena ver pelo roteiro e pelos ótimos atores.


Paul - ...what about a preacher? Someone to say a little prayer with.
John - Don't want no preacher. You can say a prayer, if you like.
Paul - Me? Suppose I could, if it came to that.
Paul - John... I have to ask you something very important now.
John - I know what you gonna say. You don't have to say it.
Paul - No, I do. I do. I have to say it. John... tell me what you want me to do. You want me to take you out of here? Just let you run away? See how far you could get?
John - Why would you do such a foolish thing?
Paul - On the day of my judgment... when I stand before God... and he asks me why did I... Did I kill one of his true... miracles... what am I going to say? That it was my job? It's my job.
John - You tell God the Father it was a kindness you done. I know you're hurting and worrying. I can feel it on you. But you ought to quit on it now. I want it to be over and done with. I do. I'm tired, boss. Tired of being on the road, lonely as a sparrow in the rain. I'm tired of never having me a buddy to be with... to tell me where we's going to, coming from, or why. Mostly, I'm tired of people being ugly to each other. I'm tired of all the pain I feel and hear in the world... every day. There's too much of it. It's like pieces of glass in my head... all the time. Can you understand?
Paul - Yes, John, I think I can.

Tudo é uma questão de amor e atitude

Para mim, todo animal sente qual a disposição do homem que se aproxima dele.


While My Guitar Gently Weeps


While My Guitar Gently Weeps
George Harrison

While My Guitar Gently Weeps
I look at you all see the love there that's sleeping
While my guitar gently weeps
I look at the floor and I see it needs sweeping
Still my guitar gently weeps

I don't know why nobody told you how to unfold your love
I don't know how someone controlled you
They bought and sold you

I look at the world and I notice it's turning
While my guitar gently weeps
With every mistake we must surely be learning
Still my guitar gently weeps

I dont know how you were diverted
You were perverted too
I dont know how you were inverted
No one alerted you

I look from the wings at the play you are staging
While my guitar gently weeps
Look at you all...
Still my guitar gently weeps

Tiros em Columbine

Com o recente acontecimento no USA, onde um Jovem de 24 anos abriu fogo dentro de uma sessão de estréia do filme Batman, em Colorado, não tem como não sugerir à você que veja o filme Tiros em Columbine de Michael Moore. Ele ganhou um Oscar de melhor documentário e trata de maneira, até que engraçada, o drama que os americanos passam de tempos em tempos.  Veja e tire suas próprias conclusões.

Nesse trecho, coloco a entrevista com Marilyn Manson. Não sou muito fã das letras dele, mas o som é muito bom, e não tinha noção que ele era tão equilibrado assim ao falar. A última frase dele é simplesmente de tirar o chapéu.

Repito. O filme é muito bom....


sábado, 21 de julho de 2012

Girl From The North Country by Lions


Girl From The North Country
Bob Dylan

Girl From The North Country
Well, if you're travelin' in the north country fair,
Where the winds hit heavy on the borderline,
Remember me to one who lives there.
She once was a true love of mine.

Well, if you go when the snowflakes storm,
When the rivers freeze and summer ends,
Please see if she's wearing a coat so warm,
To keep her from the howlin' winds.

Please see for me if her hair hangs long,
If it rolls and flows all down her breast.
Please see for me if her hair hangs long,
That's the way I remember her best.

I'm a-wonderin' if she remembers me at all.
Many times I've often prayed
In the darkness of my night,
In the brightness of my day.

So if you're travelin' in the north country fair,
Where the winds hit heavy on the borderline,
Remember me to one who lives there.
She once was a true love of mine.

Chevy - El Camino

Cara!!!! Acho esse carro lindo... Ainda mais customizado assim... Nas fotos só falta uma bela motinha na garupa dele....



O Setenário

Esse texto é um excerto do livro Tratado de Simbólica de Mário Ferreira dos Santos. É o art. 8 do tema V - O Símbolo e suas aplicações. Quem se dedica ao estudo do Hermetismo vai ficar satisfeito com as explicações de um homem que, até onde sei, não estava ligado a nenhuma escola. Sugiro a leitura de todo o livro, pois assim terá um maior embasamento nos estudos impetrados em sua escola de escolha, pois todas irão lhe pedir esse tipo de conhecimento e compreensão.

Divirta-se!!!!!

ARTIGO 8 - O SETENÁRIO

Se partirmos das categorias pitagóricas, vemos que, da substância universal, por diferenciação, surge o binário, duas modalidades de ser que já estudamos.

Essas duas positividades em oposição são por sua vez uma, que é predominantemente ativa, determinante, e outra, que é predominantemente passiva, determinável. O esquema abaixo coloca bem o que acabamos de dizer:



No pitagorismo, o sete tende, como significabilidade, a apontar a graduação qualitativa do ser finito.

Se examinarmos a simbólica dos diversos mitos, e a que se refere ao pensamento de todos os povos, encontramos o sete presente em tudo quanto indique uma seriação progressiva. Se tomarmos a tríade com as cores fundamentais: vermelho, amarelo e azul, vemos que todas as outras são provenientes de tons resultantes das combinações dessas três cores.

Pondo em primeiro lugar o vermelho fundamental, entre o vermelho e o amarelo encontramos uma cor intermediária, que é o laranja; o verde como intermediário entre o amarelo e o azul. Quinto, o azul como cor fundamental, sexto o índigo, que é um desdobramento do azul, e sétimo o violeta, intermediário entre o azul e o vermelho.

Sabemos que a ordenação da semana em sete dias não é arbitrária, pois, nesse período, se dá a passagem de uma fase da lua para outra. Encontramos ainda o sete nas idades humanas, pois o homem sofre modificações de sete em sete anos, que correspondem às idades, de sete, quatorze, vinte e um, etc., sobre as quais se detiveram em estudá-las muitos cientistas. Não é arbitrária a maioridade de vinte e um anos, pois é a completude do primeiro ternário de sete. Os matemáticos, ao estudar as possibilidades do número sete, verificaram nele combinações interessantíssimas.

Como todo número ímpar, o sete expressa uma ação, uma transição. E é nesse sentido que ele nos surge na simbólica universal.



O sistema planetário dos hermetistas é uma organização setenária, estática e dinamicamente considerada.

1) o Sol, centro do sistema e planeta principal, é a causa primeira da vida; ativo, másculo, enérgico. (No sentido aristotélico do termo, ato), que emite seus raios vivificadores, que se expandem. É o símbolo do poder supremo do ser supremo, da Vontade. Para termos a vivência dessa Vontade, como atributo de Ser supremo, examinemos em nós a vontade que delibera e ordena fazermos isto ou aquilo.

Nosso corpo obedece, sem que a ação do corpo seja uma modal da vontade, mas uma modal do corpo. A vontade ordena, e é obedecida, sem que seu ato se escoe na ação. Ela dele se distingue como uma tensão, em ato portanto, que indica, aponta o vetor a seguir. É causa eficiente, mas a ação é do quod que atua. Ordeno ao meu braço escrever. A ação de escrever é do meu braço, mas a causa eficiente desse ato foi a minha vontade. Ela não se escoa na ação do braço, porque esta ação não é uma transformação da minha vontade.

É símbolo da unidade e pode ser simbolizado pelo ponto central de uma circunferência. Recebe muitas outras simbolizações, como vemos nos heróis solares, halos luminosos, cabelos soltos, águias de asas como raios, círculos de fogo, como nos hindus, etc.

Em todas as religiões, os heróis messiânicos, fundadores de religiões, são heróis solares, todos têm sinais que apontam ao Sol, ao Sol resplandecente, que não se pode fitar. Assim o Ser Supremo, que escapa aos nossos sentidos, cega-nos com a sua presença. Não suportaríamos a sua luz. A águia, por voar em direção ao sol e por fitá-lo, é o símbolo do pensamento que transcende à imanência e penetra no campo das coisas divinas. O Sol é o símbolo mais universal do Ser Supremo, tomado pela sua atividade e pela sua masculinidade.

2) A Lua - É o símbolo do feminino e passivo, pois ela reflete a luz solar. A instabilidade de suas fases aponta à instabilidade, à mutação, à informação. Simboliza o princípio passivo, potencial, a determinabilidade, que recebe as determinações do ato, que recebe as formas. No crescente lunar, fecundada pela vontade Solar, ela realiza-se como mãe no Plenilúnio, para dar nascimento ao quarto crescente, e repetir o ciclo da gestação e do nascimento.

Em geral, é apresentada no crescente lunar, côncava e convexa, dúplice numa simbólica do binário também, do determinante convexo e do determinável côncavo.

Por isso, para os hermetistas, é símbolo do segundo Logos, assim como o Sol o é do primeiro.

3) Mercúrio - Não deve ser confundido com o deus greco-romano, que é binário, hermafrodita. Mercúrio, astrologicamente considerado, é neutro e equilibrado. Portanto, há nele uma natureza complexa. Surge da Vontade solar e da Imaginação lunar. Corresponde ao três; é ternário. No símbolo zodiacal, vemos o círculo solar e o crescente lunar sobre uma cruz, símbolo do quaternário. Sol, Lua e Mercúrio formam o ternário (nos egípcios Osíris, Ísis e Horus).

4) Marte - É o símbolo do choque dos contrários, da violência. É um símbolo do poder solar, quando violento e vencedor do oposto. Também a brutalidade, a destruição. No zodíaco é simbolizado pelo circulo solar e pela cruz que o encima, símbolo do quaternário. É o poder solar (o poder do ser), manifestado no quaternário.

5) Vênus - É representada pelo disco solar, com a cruz do quaternário. É o poder criador fecundando o quaternário. Em Marte, o quaternário sobrepõe-se ao criador, e é por isso destrutivo; em Vênus é o criador que se sobrepõe ao quaternário. Marte e Vênus são antagonistas. A violência, desordem, a destruição de um lado, e a bondade, a mansidão, o amor do outro. Vênus é, na astrologia, feminina, mas é mais o símbolo da Anima, no sentido gnóstico e no de Jung, a qual normalmente predomina na mulher.

6) Júpiter - O símbolo zodiacal no-lo indica coro o crescente lunar, de cujo vértice inferior estende-se o quaternário. Procedendo da lua, é Júpiter passivo de certo modo, mas ativo, porque, na simbólica antiga, a cruz se colocava ao lado. Indicaria, assim, a plasticidade como potência.

Fecundidade e potência, equilíbrio entre as partes, símbolo também da justiça.

7) Saturno - Na simbólica zodiacal, Saturno é encimado pela cruz apoiada num dos vértices da lua crescente. É o domínio das forças terrestres, quaternárias sobre a passividade. É ativo e masculino, mas sua ação se realiza na destruição refletida. Está em oposição a Júpiter. Caracterologicamente o saturniano é o tipo introvertido, retraída fisiognomonicamente, de cor sombria, com muitas sombras no rosto, excesso de bossas, etc.

No catolicismo o sete está presente nas virtudes cristãs as virtudes teologais que são três: Fé, Esperança e Caridade, e as cardinais (do quaternário): Fôrça, Temperança, Justiça e Prudência.

Sete são os pecados capitais: Orgulho, Preguiça, Inveja, Cólera, Luxúria, Gula e Avareza.

O pecado faz-nos transitar de uma situação para outra, e a virtude também, porque nos coloca num estado diferente.

Sete são os sacramentos: Batismo, Eucaristia, Ordenação, Confirmação, Casamento, Penitência, Extrema Unção. Encontramos ainda o sete na Bíblia em diversas passagens: os sete anos que Jacob serviu a Labão (os sete anos da iniciação), e recebeu Lia e não Raquel. Necessitava cumprir o segundo período setenário para alcançá-la. Sete demônios, sete altares (os sete tabernáculos), sete trombetas de Jericó. Jesus pronuncia, quando crucificado, sete frases. No Apocalipse, há sete candelabros, sete estrelas, sete selos, sete cornos, sete olhos, sete espíritos, sete pragas, sete raios.

Sete foram os pares de animais impuros e sete os animais puros de Noé, e sete os seus filhos. Sete vacas magras e sete vacas gordas, as de José, etc.

Filão nos dizia: "O número sete é o primeiro a partir do número perfeito seis, e, de certa maneira, idêntico à unidade. Os números que estão na década, ou são engendrados, ou engendram aqueles, que estão na década ou a própria década; mas o hebdômado não engendra nenhum dos números da década, nem é engendrado por eles. Assim em seus Mistérios, os Pitagóricos, o assinalam à deusa sempre virgem e mãe, porque ela não foi gerada e não gerará."

Santo Agostinho via no sete o símbolo da perfeição da Plenitude, e Santo Ambrósio, o da virgindade.

No cristianismo no Ocidente, a simbólica perde aos poucos o seu conteúdo, porque o ocidental tem pouca capacidade para o símbolo, pois prefere compreender pela razão do que pela afetividade. Mas o símbolo é uma linguagem que comunica o incomunicável, e essa a razão por que o cristianismo também perde, no Ocidente, seu mais profundo conteúdo, tornando-se mais uma prática exterior ou, quando muito, uma linguagem para expressar o anseio universal de crer, que todo o homem revela. Inegavelmente, a simbólica cristã é quase incompreensível até aos sacerdotes, e raras ordens na Igreja conhecem e conservam os mais profundos significados.

Sete eram os elementos da alquimia, nos árabes, bem como sete os elementos decorativos da arte árabe, os estalactites. Sete encontramos nos sete planos da teosofia e também nas religiões do pensamento religioso e oculto universal. Vemos o sete nos sephiroth dos hebreus, que são divididos num ternário superior e num quaternário inferior.

No ternário superior temos : Kaesed, princípio ativo, a vontade. Geburah, principio passivo e Tiphereth, princípio equilibrado, que surge dos dois precedentes. Esses três formam o ternário. O quaternário é dado pelos seguintes princípios: 1. Netzah, princípio masculino ativo, gerador, simbolizado pelo fogo. 2. Hod, principio feminino, plástico e inerte, que corresponde à água, simbolicamente. 3. Yésod, princípio equilibrado, fundamento da realização material, simbolizado pelo ar e 4. Malcuth, a materialidade, simbolizado pela terra. São esses os sephiroth.

Encontramos ainda entre os pitagóricos o que se chama a "lei do sete" ou seja a "lei das vibrações". Esta lei é também chamada por outros de "lei da oitava". Numa progressão de um a sete, há, no oito posterior, um salto qualitativo de especificidade completamente diferente. Temos o exemplo na escala cromática: a oitava escala, que corresponde à repetição do dó, que é o primeiro, nos oferece um dó com um número duplo de vibrações, como se verifica nas notas musicais. A gama dos sete tons é uma lei cósmica que encontramos presente na luz, no calor, nas vibrações químicas, nas vibrações magnéticas, etc., como também na gama luminosa e no sistema periódico dos elementos na química. O que é interessante entretanto frisar, é a desigualdade da frequência entre dó e dó (este na oitava). Assim se dó é um, ré é 9/8, mi é 5/4, fá é 4/3, sol é 3/2, lá é 5/3, si é 18/8 e finalmente dó é 2.

Essas desigualdades de frequência tomam para os pitagóricos o nome de "lei da descontinuidade das vibrações". As notas musicais são sete. Nas três primeiras, dó, ré, mi, temos uma continuidade ascensional, que é quebrada no fá, que é um desvio da direção original, desvio esse que se vai observar posteriormente quando da oitava, que, por sua vez, na terceira nota, quebra de maneira que, nas seis escalas, haveria um verdadeiro retorno, um verdadeiro ciclo, a formação de círculo, se o fossemos representar graficamente.

O sete é simbolizado pela estrela de sete pontas, correspondendo cada uma a um dos signos do zodíaco, aos dias da semana, que é lunar, e às notas musicais, como também aos tons da cor.



O dó corresponde ao vermelho (na base de 477 bilhões de vibrações por segundo) ; o amarelo (535 bilhões) corresponde ao ré; o verde azulado (596 bilhões) corresponde ao mi; o índigo (658 bilhões) corresponde ao fá; o violeta (649 bilhões) corresponde ao sol. É fácil ver que as proporções são desiguais, decorrentes da lei de descontinuidade, pois, na natureza, nunca há igualdade absoluta, nem nas proporções, consideradas faticamente realizadas, o que é um postulado pitagórico, aceito posteriormente pela escolástica e comprovado pela ciência relativista atual. Se o número de ouro dos pitagóricos (1,618... ) está presente em todos os fatos do mundo físico, é entretanto um número irracional, do qual pode haver maior ou menor aproximação, nunca porém é atualizado, como se pode ver pela sua expressão seguindo a série de Fibonacci, que dá 1,618 033 988 749 894 848 204 59..., e assim por diante. Deste modo, o número de ouro, que surge de operações da matemática, mas comprovado na realidade física, nunca encontra uma realização plenamente perfeita, assim como há uma incomensurabilidade entre o diâmetro e a circunferência, o que é uma revelação de que uma natureza, que imita o arithmós eidetikós, jamais consegue realizá-lo numa perfeição matemática. Apenas pode imitá-lo, em graus maiores ou menores. Fugiria ao campo deste livro se fossemos estudar as diversas aplicações do sete na simbólica das religiões e das doutrinas de caráter esotérico em geral.

Interessa-nos apenas, numa decorrência lógica no estudo que fizemos dos seis números, compreender que o sete, em suas linhas gerais, é o símbolo de uma graduação cronológica, portanto qualitativa, apontando a evolução em sentido mais dinâmico, bem como aos saltos específicos que se verificam na natureza.

Something Good Coming


Something Good Coming 
Tom Petty

I'm watching the water
Watching the coast
Suddenly I know
What I want the most
And I want to tell you
Still I hold back
I need some time
Get my life on track

I know that look on your face
But there's somethin' lucky about this place
And there's somethin' good comin'
For you and me
Somethin' good comin'
There has to be

And I'm thinking 'bout mama
And about the kids
And the way we lived
And the things we did
How she never had a chance
Never caught a break
And how we pay for our big mistakes

I know so well the look on your face
And there's somethin' lucky about this place
There's somethin' good comin'
Just over the hill
Somethin' good comin'
I know it will

And I'm in for the long run
Wherever it goes
Ridin' the river
Wherever it goes
And I'm an honest man
Work's all I know
You take that away
Don't know where to go

And I know that look that's on your face
There's somethin' lucky about this place
There's somethin' good comin'
For you and me
Somethin' good comin'
There has to be.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bom FDS


Que tal um bom filminho?

Vou colocar na minha sala


Primeiro tenho que pintá-la de branco.... hahahahah!!!

Momento Blues I - B.B. King


Nada pessoal, só arte....


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Atual Democracia


Labuta


Tô pronto!!!


Mario Ferreira dos Santos por Olavo de Carvalho



Peguei o texto abaixo do site do Prof. Olavo de Carvalho. Esse eu não sei definir muito bem, já que vários textos dele, uns eu vejo ser de uma clareza estonteante e outros vejo uma profunda falta de senso, mas isso deve ser por minhas discordâncias com os pontos abordados. Mas de qualquer forma, os textos bons são tão bons que continuo a garimpar seus textos.

Mas só indico o site dele para quem tiver a paciência de lê-lo sem ficar com a má impressão que causa alguns de seus textos.


De qualquer forma, o que ele fala sobre o nosso filósofo Mário Ferreira dos Santos é o que o traz aqui.

PS: Os pontos em negrito são responsabilidades minha.

Mário Ferreira dos Santos e o nosso futuro
Olavo de Carvalho
Dicta & Contradicta, junho de 2009

Quando a obra de um único autor é mais rica e poderosa que a cultura inteira do seu país, das duas uma: ou o país consente em aprender com ele ou recusa o presente dos céus e inflige a si próprio o merecido castigo pelo pecado da soberba, condenando-se ao definhamento intelectual e a todo o cortejo de misérias morais que necessariamente o acompanham.

Mário Ferreira ocupa no Brasil uma posição similar à de Giambattista Vico na cultura napolitana do século XVIII ou de Gottfried von Leibniz na Alemanha da mesma época: um gênio universal perdido num ambiente provinciano incapaz não só de compreendê-lo, mas de enxergá-lo. Leibniz ainda teve o recurso de escrever em francês e latim, abrindo assim algum diálogo com interlocutores estrangeiros. Mário está mais próximo de Vico no seu isolamento absoluto, que faz dele uma espécie de monstro. Quem, num ambiente intelectual prisioneiro do imediatismo mais mesquinho e do materialismo mais deprimente – materialismo compreendido nem mesmo como postura filosófica, mas como vício de só crer no que tem impacto corporal –, poderia suspeitar que, num escritório modesto da Vila Olimpia, na verdade uma passagem repleta de livros entre a cozinha e a sala de visitas, um desconhecido discutia em pé de igualdade com os grandes filósofos de todas as épocas, demolia com meticulosidade cruel as escolas de pensamento mais em moda e sobre seus escombros erigia um novo padrão de inteligibilidade universal?

Os problemas que Mário enfrentou foram os mais altos e complexos da filosofia, mas, por isso mesmo, estão tão acima das cogitações banais da nossa intelectualidade, que esta não poderia defrontar-se com ele sem passar por uma metanóia, uma conversão do espírito, a descoberta de uma dimensão ignorada e infinita. Foi talvez a premonição inconsciente do terror e do espanto – do thambos aristotélico – que a impeliu a fugir dessa experiência, buscando abrigo nas suas miudezas usuais e definhando pouco a pouco, até chegar à nulidade completa; decerto o maior fenômeno de auto-aniquilação intelectual já transcorrido em tempo tão breve em qualquer época ou país. A desproporção entre o nosso filósofo e os seus contemporâneos – muito superiores, no entanto, à atual geração – mede-se por um episódio transcorrido num centro anarquista, em data que agora me escapa, quando se defrontaram, num debate, Mário e o então mais eminente intelectual oficial do Partido Comunista Brasileiro, Caio Prado Júnior. Caio falou primeiro, respondendo desde o ponto de vista marxista à questão proposta como Leitmotiv do debate. Quando ele terminou, Mário se ergueu e disse mais ou menos o seguinte:

– Lamento informar, mas o ponto de vista marxista sobre os tópicos escolhidos não é o que você expôs. Vou portanto refazer a sua conferência antes de fazer a minha.

E assim fez. Muito apreciado no grupo anarquista, não por ser integralmente um anarquista ele próprio, mas por defender as idéias econômicas de Pierre-Joseph Proudhon, Mário jamais foi perdoado pelos comunistas por esse vexame imposto a uma vaca sagrada do Partidão. O fato pode ter contribuído em algo para o muro de silêncio que cercou a obra do filósofo desde a sua morte. O Partido Comunista sempre se arrogou a autoridade de tirar de circulação os autores que o incomodavam, usando para isso a rede de seus agentes colocados em altos postos na mídia, no mundo editorial e no sistema de ensino. A lista dos condenados ao ostracismo é grande e notável. Mas, no caso de Mário, não creio que tenha sido esse o fator decisivo. O Brasil preferiu ignorar o filósofo simplesmente porque não sabia do que ele estava falando. Essa confissão coletiva de inépcia tem, decerto, o atenuante de que as obras do filósofo, publicadas por ele mesmo e vendidas de porta em porta com um sucesso que contrastava pateticamente com a ausência completa de menções a respeito na mídia cultural, vinham impressas com tantas omissões, frases truncadas e erros gerais de revisão, que sua leitura se tornava um verdadeiro suplício até para os estudiosos mais interessados – o que, decerto, explica mas não justifica. A desproporção evidenciada naquele episódio torna-se ainda mais eloquente porque o marxismo era o centro dominante ou único dos interesses intelectuais de Caio Prado Júnior, ao passo que, no horizonte infinitamente mais vasto dos campos de estudo de Mário Ferreira, era apenas um detalhe ao qual ele não poderia ter dedicado senão alguns meses de atenção: nesses meses, aprendera mais do que o especialista que dedicara ao assunto uma vida inteira.

A mente de Mário Ferreira era tão formidavelmente organizada que para ele era a coisa mais fácil localizar imediatamente no conjunto da ordem intelectual qualquer conhecimento novo que lhe chegasse desde área estranha e desconhecida. Numa outra conferência, interrogado por um mineralogista de profissão que desejava saber como aplicar ao seu campo especializado as técnicas lógicas que Mário desenvolvera, o filósofo respondeu que nada sabia de mineralogia mas que, por dedução desde os fundamentos gerais da ciência, os princípios da mineralogia só poderiam ser tais e quais – e enunciou quatorze. O profissional reconheceu que, desses, só conhecia oito.

A biografia do filósofo é repleta dessas demonstrações de força, que assustavam a platéia, mas que para ele não significavam nada. Quem ouve as gravações das suas aulas, registradas já na voz cambaleante do homem afetado pela grave doença cardíaca que haveria de matá-lo aos 65 anos, não pode deixar de reparar na modéstia tocante com que o maior sábio já havido em terras lusófonas se dirigia, com educação e paciência mais que paternais, mesmo às platéias mais despreparadas e toscas. Nessas gravações, pouco se nota dos hiatos e incongruências gramaticais próprios da expressão oral, quase inevitáveis num país onde a distância entre a fala e a escrita se amplia dia após dia. As frases vêm completas, acabadas, numa seqüência hierárquica admirável, pronunciadas em recto tono, como num ditado.

Quando me refiro à organização mental, não estou falando só de uma habilidade pessoal do filósofo, mas da marca mais característica de sua obra escrita. Se, num primeiro momento, essa obra dá a impressão de um caos inabarcável, de um desastre editorial completo, o exame mais demorado acaba revelando nela, como demonstrei na introdução à Sabedoria das Leis Eternas[1], um plano de excepcional clareza e integridade, realizado quase sem falhas ao longo dos 52 volumes da sua construção monumental, a Enciclopédia das Ciências Filosóficas.

Além dos maus cuidados editoriais – um pecado que o próprio autor reconhecia e que explicava, com justeza, pela falta de tempo –, outro fator que torna difícil ao leitor perceber a ordem por trás do caos aparente provém de uma causa biográfica. A obra escrita de Mário reflete três etapas distintas no seu desenvolvimento intelectual, das quais a primeira não deixa prever em nada as duas subseqüentes, e a terceira, comparada à segunda, é um salto tão formidável na escala dos graus de abstração que aí parecemos nos defrontar já não com um filósofo em luta com suas incertezas e sim com um profeta-legislador a enunciar leis reveladas ante as quais a capacidade humana de discutir tem de ceder à autoridade da evidência universal.

A biografia interior de Mário Ferreira é realmente um mistério, tão grandes foram os dois milagres intelectuais que a moldaram. O primeiro transformou um mero ensaísta e divulgador cultural em filósofo na acepção mais técnica e rigorosa do termo, um dominador completo das questões debatidas ao longo de dois milênios, especialmente nos campos da lógica e da dialética. O segundo fez dele o único – repito, o único – filósofo moderno que suporta uma comparação direta com Platão e Aristóteles. Este segundo milagre anuncia-se ao longo de toda a segunda fase da obra, numa seqüência de enigmas e tensões que exigiam, de certo modo, explodir numa tempestade de evidências e, escapando ao jogo dialético, convidar a inteligência a uma atitude de êxtase contemplativo. Mas o primeiro milagre, sobrevindo ao filósofo no seu quadragésimo-terceiro ano de idade, não tem nada, absolutamente nada, que o deixe prever na obra publicada até então. A família do filósofo foi testemunha do inesperado. Mário fazia uma conferência, no tom meio literário, meio filosófico dos seus escritos usuais, quando de repente pediu desculpas ao auditório e se retirou, alegando que “tivera uma idéia” e precisava anotá-la urgentemente. A idéia era nada mais, nada menos que as teses numeradas destinadas a constituir o núcleo da Filosofia Concreta, por sua vez coroamento dos dez volumes iniciais da Enciclopédia, que viriam a ser escritos uns ao mesmo tempo, outros em seguida, mas que ali já estavam embutidos de algum modo. A Filosofia Concreta é construída geometricamente como uma seqüência de afirmações auto-evidentes e de conclusões exaustivamente fundadas nelas – uma ambiciosa e bem sucedida tentativa de descrever a estrutura geral da realidade tal como tem de ser concebida necessariamente para que as afirmações da ciência façam sentido.

Mário denomina a sua filosofia “positiva”, mas não no sentido comteano. Positividade (do verbo “pôr”) significa aí apenas “afirmação”. O objetivo da filosofia positiva de Mário Ferreira é buscar aquilo que legitimamente se pode afirmar sobre o conjunto da realidade à luz do que foi investigado pelos filósofos ao longo de vinte e quatro séculos. Por baixo das diferenças entre escolas e correntes de pensamento, Mário discerne uma infinidade de pontos de convergência onde todos estiveram de acordo, mesmo sem declará-lo, e ao mesmo tempo vai construindo e sintetizando os métodos de demonstração necessários a fundamentá-los sob todos os ângulos concebíveis.

Daí que a filosofia positiva seja também “concreta”. Um conhecimento concreto, enfatiza ele, é um conhecimento circular, que conexiona tudo quanto pertence ao objeto estudado, desde a sua definição geral até os fatores que determinam a sua entrada e saída da existência, a sua inserção em totalidades maiores, o seu posto na ordem dos conhecimentos, etc. Por isso é que à seqüência de demonstrações geométricas se articula um conjunto de investigações dialéticas, de modo que aquilo que foi obtido na esfera da alta abstração seja reencontrado no âmbito da experiência mais singular e imediata. A subida e descida entre os dois planos opera-se por meio da decadialética, que enfoca o seu objeto sob dez aspectos:

1. Campo sujeito-objeto. Todo e qualquer ser, seja físico, espiritual, existente, inexistente, hipotético, individual, universal, etc. é simultaneamente objeto e sujeito, o que é o mesmo que dizer – em termos que não são os usados pelo autor – receptor e emissor de informações. Se tomarmos o objeto mais alto e universal – Deus –, Ele é evidentemente sujeito, e só sujeito, ontologicamente: gerando todos os processos, não é objeto de nenhum. No entanto, para nós, é objeto dos nossos pensamentos. Deus, que ontologicamente é puro sujeito, pode ser objeto do ponto de vista cognitivo. No outro extremo, um objeto inerte, como uma pedra, parece ser puro objeto, sem nada de sujeito. No entanto, é óbvio que ela está em algum lugar e emite aos objetos circundantes alguma informação sobre a sua presença, por exemplo, o peso com que ela repousa sobre outra pedra. Com uma imensa gradação de diferenciações, cada ente pode ser precisamente descrito nas suas respectivas funções de sujeito e objeto. Conhecer um ente é, em primeiro lugar, saber a diferenciação e a articulação dessas funções. Alguns exercícios para o leitor se aquecer antes de entrar no estudo da obra de Mário Ferreira: (1) Diferencie os aspectos e ocasiões em que um fantasma é sujeito e objeto. (2) E uma idéia abstrata, quando é sujeito, quando é objeto? (3) E um personagem de ficção, como Dom Quixote?

2. Campo da atualidade e virtualidade. Dado um ente qualquer, pode-se distinguir entre o que ele é efetivamente num certo momento e aquilo em que ele pode (ou não) se transformar no instante seguinte. Alguns entes abstratos, como por exemplo a liberdade ou a justiça, podem se transformar nos seus contrários. Mas um gato não pode se transformar num antigato.

3. Distinção entre as virtualidades (possibilidades reais) e as possibilidades não-reais, ou meramente hipotéticas. Toda possibilidade, uma vez logicamente enunciada, pode ser concebida como real ou irreal. Só podemos obter essa gradação pelo conhecimento dialético que temos das potências do objeto.

4. Intensidade e extensidade. Mário toma esses termos emprestados do físico alemão Wilhelm Ostwald (1853-1932), separando aquilo que só pode variar em diferença de estados, como por exemplo o sentimento de temor ou a plenitude de significados de uma palavra, e aquilo que se pode medir por meio de unidades homogêneas, como por exemplo linhas e volumes.

5. Intensidade e extensidade nas atualizações. Quando os entes passam por mudanças, elas podem ser tanto de natureza intensiva quanto extensiva. A descrição precisa das mudanças exige a articulação dos dois pontos de vista.

6. Campo das oposições no sujeito: razão e intuição. O estudo de qualquer ente sob os cinco primeiros aspectos não pode ser feito só com base no que se sabe deles, mas tem de levar em conta a modalidade do seu conhecimento, especialmente a distinção entre os elementos racionais e intuitivos que entram em jogo.

7. Campo das oposições da razão: conhecimento e desconhecimento. Se a razão fornece o conhecimento do geral e a intuição o do particular, em ambos os casos há uma seleção: conhecer é também desconhecer. Todos os dualismos da razão – concreto-abstrato, objetividade-subjetividade, finito-infinito, etc. – procedem da articulação entre conhecer e desconhecer. Não se conhece um objeto enquanto não se sabe o que tem de ser desconhecido para que ele se torne conhecido.

8. Campo das atualizações e virtualizações racionais. A razão opera sobre o trabalho da intuição, atualizando ou virtualizando, isto é, trazendo para o primeiro plano ou relegando para um plano de fundo os vários aspectos do objeto percebido. Toda análise crítica de conceitos abstratos supõe uma clara consciência do que aí foi atualizado e virtualizado.

9. Campo das oposições da intuição. A mesma separação do atual e do virtual já acontece no nível da intuição, que é espontaneamente seletiva. Se, por exemplo, olhamos esta revista como uma singularidade, fazemos abstração dos demais exemplares da mesma tiragem. Tal como a razão, a intuição conhece e desconhece.

10. Campo do variante e do invariante. Não há fato absolutamente novo nem absolutamente idêntico a seus antecessores. Distinguir os vários graus de novidade e repetição é o décimo e último procedimento da decadialética.

Mário complementa o método com a pentadialética, uma distinção de cinco planos diferentes nos quais um ente ou fato pode ser examinado: como unidade, como parte de um todo do qual é elemento, como capítulo de uma série, como peça de um sistema (ou estrutura de tensões) e como parte do universo.

Nos dez primeiros volumes da Enciclopédia, Mário aplica esses métodos à resolução de vários problemas filosóficos divididos segundo a distinção tradicional entre as disciplinas que compõem a filosofia – lógica, ontologia, teoria do conhecimento, etc. –, compondo assim a armadura geral com que, na segunda série, se aprofundará no estudo pormenorizado de determinados temas singulares.

Aconteceu que, na elaboração dessa segunda série, ele se deteve mais demoradamente no estudo dos números em Platão e Pitágoras, o que acabou por determinar o upgrade espetacular que marca a segunda metanóia do filósofo e os dez volumes finais da Enciclopédia, tal como expliquei na introdução à Sabedoria das Leis Eternas. O livro Pitágoras e o Tema do Número, um dos mais importantes do autor, dá testemunho da mutação. O que chamou a atenção de Mário foi que, na tradição pitagórico-platônica, os números não eram encarados como meras quantidades, no sentido em que são usados nas medições, mas sim como formas, isto é, articulações lógicas de relações possíveis. O que Pitágoras queria dizer com sua famosa afirmação de que “tudo são números” não é que todas as qualidades diferenciadoras podiam se reduzir a quantidades, mas que as quantidades mesmas eram por assim dizer qualitativas: cada uma delas expressava um certo tipo de articulação de tensões cujo conjunto formava um objeto. Mas, se de fato é assim, conclui Mário, a seqüência dos números inteiros não é apenas uma contagem, mas uma série ordenada de categorias lógicas. Contar é, mesmo inconscientemente, galgar os degraus de uma compreensão progressiva da estrutura do real. Vejamos, só para exemplificar, o que acontece no trânsito do número um ao número cinco. Todo e qualquer objeto é necessariamente uma unidade. Ens et unum convertuntur, “o ser e a unidade são a mesma coisa”, dirá Duns Scot. Ao mesmo tempo, porém, esse objeto conterá em si alguma dualidade essencial. Mesmo a unidade simples, ou Deus, não escapa ao dualismo gnoseológico do conhecido e do desconhecido, já que aquilo que Ele conhece de si mesmo é desconhecido por nós. Ao mesmo tempo, os dois aspectos da dualidade têm de estar ligados entre si, o que exige a presença de um terceiro elemento, a relação. Mas a relação, ao articular os dois aspectos anteriores, estabelece entre eles uma proporção, ou quaternidade. A quaternidade, considerada como forma diferenciada do ente cuja unidade abstrata captamos no princípio, é por sua vez uma quinta forma. E assim por diante.

A mera contagem exprime, sinteticamente, o conjunto das determinações internas e externas que compõem qualquer objeto material ou espiritual, atual ou possível, real ou irreal. Os números são portanto “leis” que expressam a estrutura da realidade. O próprio Mário confessa não saber se essa sua versão muito pessoal do pitagorismo coincide materialmente com a filosofia do Pitágoras histórico. Seja uma descoberta ou uma redescoberta, a filosofia de Mário descerra diante dos nossos olhos, de maneira diferenciada e meticulosamente acabada, um edifício doutrinal inteiro que, em Pitágoras – e mesmo em Platão – estava apenas embutido de maneira compacta e obscura. Ao mesmo tempo, em A Sabedoria dos Princípios e demais volumes finais da Enciclopédia, ele dá ao seu próprio projeto filosófico um alcance incomparavelmente maior do que se poderia prever até mesmo pela magistral Filosofia Concreta. A esta altura, aquilo que começara como conjunto de regras metodológicas se transmuta num sistema completo de metafísica, a mathesis megiste ou “ensinamento supremo”, ultrapassando de muito a ambição originária da Enciclopédia e elevando a obra de Mário Ferreira ao estatuto de uma das mais altas realizações do gênio filosófico de todos os tempos.

Não tenho a menor dúvida de que, quando passar a atual fase de degradação intelectual e moral do país e for possível pensar numa reconstrução, essa obra, mais que qualquer outra, deve tornar-se o alicerce de uma nova cultura brasileira. A obra, em si, não precisa disso: ela sobreviverá muito bem quando a mera recordação da existência de algo chamado “Brasil” tiver desaparecido. O que está em jogo não é o futuro de Mário Ferreira dos Santos: é o futuro de um país que a ele não deu nada, nem mesmo um reconhecimento da boca para fora, mas ao qual ele pode dar uma nova vida no espírito.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Victory Project 200

Para mim, atualmente, Roland Sands é um dos melhores design de motocicletas do mundo...



Victory Hammerhead by RSD


Bela Senhora


Volvo Roadster Concept