O entusiasmo é uma virtude nietzschiana. A depressão negativa, um acidente. Ele não nega a si mesmo e, nenhum autor talvez foi mais sincero em sua obra do que ele. Reponta em toda ela esses momentos de entusiasmos e de depressão. Ele os conhecia a cada passo. E o homem o conhece a cada passo. Seria absolutamente uma negativa de sua própria doutrina se Nietzsche se preocupasse seriamente em ser, em absoluto, coerente.
A coerência é uma cadeia, um freio, uma prisão – uma mentira.
Nietzsche coerente não seria Nietzsche. A depressão é um ânimo, um esforço, um impulso. Há na possibilidade da derrota o esforço, o impulso que gera a vitória. Quando deprimido, gemendo sua angústia, é que estava as bordas de reerguer-se. Isso é: seus livros, refletia a sua sinceridade. Nietzsche era e foi o mais sincero de todos os escritores. Nisso estava em grande parte a sua dignidade e o seu orgulho.
São essas contradições da alma humana que solidificam a vontade de poder. É preciso saber-se fraco, conhecer a própria fraqueza, para que a vitória tenha o sabor de felicidade. Ele sabia disso. Exclamava seus momentos de acovardamento. Cristo também pediu que lhe afastassem o cálice. Mas o cálice oferecido, a consciência da fatalidade de seu destino, deu-lhe a coragem de suportar a afronta dos seus inimigos. E Cristo, ali, também foi sincero. Quem acusaria Cristo de haver sido fraco, se sua fraqueza lhe deu a conhecer a força capaz de erguê-lo para suportar a infâmia dos seus algozes.
E por que acusam Nietzsche?
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