terça-feira, 10 de julho de 2012

The League of Extraordinary Gentlemen


Esse filme está entre os meus favoritos. O filme faz menção aos personagens de livros como Allan Quatermain do As Minas do Rei Salomão, de Henry Rider Haggard, Mina Harker do Drácula de Bram Stoker, O Estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson, Rodney Skinner do O Homem Invisível, de H.G. Wells, Capitão Nemo do 20.000 Léguas Submarinas, de Julio Verne, Dorian Gray do O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, Tom Sawyer do As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain e Prof. James Moriarty do O Problema Final, de Arthur Conan Doyle.

Cada um desses personagens tem um história longa que pode ser conhecida através da leitura dos livros citados acima. Mas o que me chamou mais a atenção foi a cena em que Mr. Hyde salva o Nautillus do desastre iminente. Nele, Dr. Jekyll se vê numa sinuca de bico, pois não aceitando a intervenção de Mr. Hyde na vida dele, Dr. Jekyll, se vê numa situação em que é obrigado a dar o "poder" a Mr. Hyde, único a poder salvar a situação.

E, como no livro, Dr. Jekyll and Mr. Hyde, a dicotomia entre uma personalidade e a outra, convivendo dentro do próprio corpo, gera um tremendo mal-estar.

Em 1886, mais de uma década antes de Freud sondar as profundezas da escuridão humana, Robert Louis Stevenson teve um sonho altamente revelador: um homem, perseguido por um crime, engolia um certo pó e passava por uma drástica mudança de caráter, tão drástica que ele se tornava irreconhecível. O amável e laborioso cientista Dr, Jekyll transformava-se no violento e implacável Mr. Hyde, cuja maldade ia assumindo proporções cada vez maiores à medida que o sonho se desenrolava. Esse tema integrou-se de tal modo na cultura popular que pensamos nele quando ouvimos alguém dizer, "Eu não era eu mesmo", ou "Ele parecia possuído por um demônio", ou "Ela virou uma megera". Como diz o analista junguiano John Sanford, quando uma história como essa nos toca tão a fundo e nos soa tão verdadeira, é porque ela contém uma qualidade arquetípica — ela fala a um ponto em nós que é universal. Cada um de nós contém um Dr. Jekyll e um Mr. Hyde: uma persona agradável para o uso cotidiano e um eu oculto e noturno que permanece amordaçado a maior parte do tempo. Emoções e comportamentos negativos — raiva, inveja, vergonha, falsidade, ressentimento, lascívia, cobiça, tendências suicidas e homicidas — ficam escondidos logo abaixo da superfície, mascarados pelo nosso eu mais apropriado às conveniências. Em seu conjunto, são conhecidos na psicologia como a sombra pessoal, que continua a ser um território indomado e inexplorado para a maioria de nós.

Isso me faz lembrar uma frase de Alexander Solzhenitsyn.

Ah, se fosse assim tão simples! Se houvesse pessoas más em um lugar, insidiosamente cometendo más ações, e se nos bastasse separá-las do resto de nós e destruí-las. Mas a linha que divide o bem do mal atravessa o coração de todo ser humano. E quem se disporia a destruir uma parte do seu próprio coração?

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