sexta-feira, 13 de junho de 2014

SAMA - Rumi - O Poeta Embriagado de Deus



Viemos girando do nada
Espalhando estrelas como pó
As estrelas puseram-se em círculo
E nós ao centro, dançamos com elas

Como a pedra do moinho em torno de Deus
Gira a roda do céu
Segura um raio dessa roda e terás a mão decepada
Girando e girando essa roda dissolve todo e qualquer apego
Não estivesse apaixonada, ela mesma gritaria: 'Basta!'
Até quando há de seguir esse giro?

Cada átomo gira desnorteado
Mendigos circulam entre as mesas
Cães rondam um pedaço de carne
O amante gira em torno de seu próprio coração

Envergonhado ante tanta beleza
Giro ao redor de minha vergonha

Vem. Ouve a música do Sama
Vem unir-te ao som dos tambores
Aqui celebramos
Somos todos a verdade
Em êxtase estamos
Embriagados sim, mas de um vinho que não se colhe na videira
O que quer que se pense de nós, em nada parecerá o que somos

Giramos e giramos em êxtase
Esta é a noite do Sama
Há luz agora!
Luz! Luz!
Eis o amor verdadeiro que diz à mente adeus
Este é o dia do adeus. Adeus! Adeus!
Todo coração que arde nessa noite é amigo da música
Ardendo por teus lábios meu coração transborda de minha boca

Silêncio
Silêncio
és feito de pensamento, afeto e paixão
O que resta é nada além de carne e ossos
Por que nos falam de templo de oração, de atos piedosos?
Somos a caçador e o caça
Outono e primavera, noite e dia
O visível e o invisível
Somos o tesouro do espírito
Somos a alma do mundo
Livres do peso que vergasta o corpo

Prisioneiros não somos do tempo nem do espaço
Nem mesmo da terra em que pisamos
No amor fomos gerados
No amor nascemos

Jalal ad-Din Muhammad Rumi



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