quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Homenagem a Paco II

Vê se me entende.... Esses tipos de músicos, tocam um texto inteiro, enquanto outros só repetem a mesma frases indefinidamente...

Homenagem a Paco....

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS - É para você também...



DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 

Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da  Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,    

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,    
       
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão,    
        
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,    
        
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,    
        
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,    
        
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mis alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,   

A Assembléia  Geral proclama 
        
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.   

Artigo I
       
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão  e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.   

Artigo II
        
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,  religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 

Artigo III

Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo IV
        
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.   

Artigo V
        
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo VI
        
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.   

Artigo  VII
        
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.   

Artigo VIII
        
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem  os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.   

Artigo IX
        
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.   

Artigo X
        
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.   

Artigo XI
        
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.    
        
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo XII
        
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo XIII
        
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.    
        
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo XIV
        
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.    
        
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XV
        
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.    
        
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo XVI
        
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer retrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.    
        
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

Artigo XVII
        
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.    
        
2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo XVIII
        
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo XIX
        
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo XX
        
1. Toda pessoa tem direito à  liberdade de reunião e associação pacíficas.    
        
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo XXI
        
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.    
        
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.    
        
3. A vontade do povo será a base  da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo  equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo XXII
        
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo XXIII
        
1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.    
        
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.    
        
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.    
        
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo XXIV
        
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.

Artigo XXV
        
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.    
        
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo XXVI
        
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.    
        
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.    
        
3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo XXVII
        
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.    
        
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo XXVIII
        
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e  liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo XXIV
        
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.    
        
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.    
        
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XXX
        
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição  de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Verdade


Hare Hare



Mantra
Nando Reis

Quando não tiver mais nada
Nem chão, nem escada
Escudo ou espada
O seu coração
Acordará

Quando estiver com tudo
Lã, cetim, veludo
Espada e escudo
Sua consciência
Adormecerá

E acordará no mesmo lugar
Do ar até o arterial
No mesmo lar
No mesmo quintal
Da alma ao corpo material

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama
Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Quando não se tem mais nada
Não se perde nada
Escudo ou espada
Pode ser o que se for
Livre do temor

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama
Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Quando se acabou com tudo
Espada e escudo
Forma e conteúdo
Já então agora dá
Para dar amor

Amor dará e receberá
Do ar, pulmão
Da lágrima, sal
Amor dará e receberá
Da luz, visão
Do tempo espiral

Amor dará e receberá
Do braço, mão
Da boca, vogal
Amor dará e receberá
Da morte
O seu dia natal

Adeus Dor
Adeus Dor
Adeus Dor
Adeus Dor

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama
Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Continuo na batalha....



The Show Must Go On
Queen

Empty spaces - what are we living for
Abandoned places
I guess we know the score
On and on, does anybody know what we are looking for...
Another hero, another mindless crime
Behind the curtain, in the pantomime
Hold the line, does anybody want to take it anymore
The show must go on
The show must go on, yeah
Inside my heart is breaking
My make - up may be flaking
But my smile still stays on

Whatever happens, I'll leave it all to chance
Another heartache, another failed romance
On and on, does anybody know what we are living for ?
I guess I'm learning (I'm learning learning, learning)
I must be warmer now
I'll soon be turning (turning, turning turning)
Round the corner now
Outside the dawn is breaking
But inside in the dark I'm aching to be free
The show must go on
The show must go on, yeah, yeah
Ooh, inside my heart is breaking
My make - up may be flaking
But my smile still stays on

Yeah yeah, whoa wo oh oh

My soul is painted like the wings of butterflies
Fairytales of yesterday will grow but never die
I can fly - my friends
The show must go on (go on, go on, go on) yeah yeah
The show must go on (go on, go on, go on)
I'll face it with a grin
I'm never giving in
On - with the show

The show must go on (yeah)
the shom must go on

Ooh, I'll top the bill, I'll overkill
I have to find the will to carry on
On with the show
On with the show
The show - the show must go on
Go on, go on, go on, go on, go on
Go on, go on, go on, go on, go on
Go on, go on, go on, go on, go on
Go on, go on, go on, go on, go on
Go on, go on

Weightless



Weightless
Sissel

All of my life
I have been waiting
Wondering what I will do

All I can feel
Is my heart beating
Time and time again for you

And I'm weightless, falling in love
I am weightless
And I don't know why but I know
It's all right

All I can hear
Is my own breathing
Echo in my loneliness

If I could sleep
I would be dreaming
Of the sweetness of your kiss

And I'm weightless, falling in love
I am weightless
And I don't know why but I know
It's all right
And I'm weightless, falling in love
I am weightless
And I'm so high, I'm with my angel tonight

And I'm weightless, falling in love
I am weightless
And I don't know why but I know
It's so right
And I'm weightless, falling in love
I am weightless
And I'm so high, I'm with my angel tonight

If It Makes You Happy


If It Makes You Happy 
Sheryl Crow

I've been long, a long way from here
Put on a poncho, played for mosquitos
And drank til I was thirsty again
We went searching through thrift store jungles
Found Geronimo's rifle, Marilyn's shampoo
And Benny Goodman's corset and pen

Well, o. k. I made this up
I promised you I'd never give up

Chorus
If it makes you happy
It can't be that bad
If it makes you happy
Then why the hell are you so sad

You get down, real low down
You listen to Coltrane, derail your own train
Well who hasn't been there before?
I come round, around the hard way
Bring you comics in bed, scrape the mold off the bread
And serve you french toast again

Well, o. k. I still get stoned
I'm not the kind of girl you'd take home

Chorus
If it makes you happy
It can't be that bad
If it makes you happy
Then why the hell are you so sad

We've been far, far away from here
Put on a poncho, played for mosquitos
And everywhere in between
Well, o. k. we get along
So what if right now everything's wrong?

Chorus
If it makes you happy
It can't be that bad
If it makes you happy
Then why the hell are you so sad

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

NESTE MOMENTO EM QUE UM GOLPE RONDA UM PAÍS VIZINHO, É MEU DEVER DIZER AOS JOVENS O QUE É UM GOLPE DE ESTADO

Perdão, Sra. Hildegard Angel. Mas com esse texto, peço desculpa em público para a senhora.
Me Desculpe!!!!


Publicado fevereiro 20, 2014

Por Hildegard Angel no seu Blog

Neste momento extremamente grave em que vemos um golpe militar caminhar célere rumo a um país vizinho, com o noticiário chegando a nós de modo distorcido, utilizando-se de imagens fictícias, exibindo fotos de procissões religiosas em Caracas como se fosse do povo venezuelano revoltoso nas ruas; mostrando vídeos antigos como se atuais fossem; e quando, pelo próprio visual próspero e “coxinha” dos manifestantes, podemos bem avaliar os interesses de sua sofreguidão, que os impedem de respeitar os valores democráticos e esperar nova eleição para mudar o governo que os desagrada, vejo como meu dever abrir a boca e falar.

Dizer a vocês, jovens de 20, 30, 40 anos de meu Brasil, o que é de fato uma ditadura.

Se a Ditadura Militar tivesse sido contada na escola, como são a Inconfidência Mineira e outros episódios pontuais de usurpação da liberdade em nosso país, eu não estaria me vendo hoje obrigada a passar sal em minhas tão raladas feridas, que jamais pararam de sangrar.

Fazer as feridas sangrarem é obrigação de cada um dos que sofreram naquele período e ainda têm voz para falar.

Alguns já se calaram para sempre. Outros, agora se calam por vontade própria. Terceiros, por cansaço. Muitos, por desânimo. O coração tem razões…

Eu falo e eu choro e eu me sinto um bagaço. Talvez porque a minha consciência do sofrimento tenha pegado meio no tranco, como se eu vivesse durante um certo tempo assim catatônica, sem prestar atenção, caminhando como cabra cega num cenário de terror e desolação, apalpando o ar, me guiando pela brisa. E quando, finalmente, caiu-me a venda, só vi o vazio de minha própria cegueira.

Meu irmão, meu irmão, onde estás? Sequer o corpo jamais tivemos.

Outro dia, jantei com um casal de leais companheiros dele. Bronzeados, risonhos, felizes. Quando falei do sofrimento que passávamos em casa, na expectativa de saber se Tuti estaria morto ou vivo, se havia corpo ou não, ouvi: “Ah, mas se soubessem como éramos felizes… Dormíamos de mãos dadas e com o revólver ao lado, e éramos completamente felizes”. E se olharam, um ao outro, completamente felizes.
Ah, meu deus, e como nós, as famílias dos que morreram, éramos e somos completamente infelizes!

A ditadura militar aboletou-se no Brasil, assentada sobre um colchão de mentiras ardilosamente costuradas para iludir a boa fé de uma classe média desinformada, aterrorizada por perversa lavagem cerebral da mídia, que antevia uma “invasão vermelha”, quando o que, de fato, hoje se sabe, navegava célere em nossa direção, era uma frota americana.

Deu-se o golpe! Os jovens universitários liberais e de esquerda não precisavam de motivação mais convincente para reagir. Como armas, tinham sua ideologia, os argumentos, os livros. Foram afugentados do mundo acadêmico, proibidos de estudar, de frequentar as escolas, o saber entrou para o índex nacional engendrado pela prepotência.
As pessoas tinham as casas invadidas, gavetas reviradas, papéis e livros confiscados. Pessoas eram levadas na calada da noite ou sob o sol brilhante, aos olhos da vizinhança, sem explicações nem motivo, bastava uma denúncia, sabe-se lá por que razão ou por quem, muitas para nunca mais serem vistas ou sabidas. Ou mesmo eram mortas à luz do dia. Ra-ta-ta-ta-tá e pronto.

E todos se calavam. A grande escuridão do Brasil. Assim são as ditaduras. Hoje ouvimos falar dos horrores praticados na Coreia do Norte. Aqui não foi muito diferente. O medo era igual. O obscurantismo igual. As torturas iguais. A hipocrisia idêntica. A aceitação da sobrevivência. Ame-me ou deixe-me. O dedurismo. Tudo igual. Em número menor de indivíduos massacrados, mas a mesma consistência de terror, a mesma impotência.
Falam na corrupção dos dias de hoje. Esquecem-se de falar nas de ontem. Quando cochichavam sobre as “malas do Golbery” ou as “comissões das turbinas”, as “compras de armamento”. Falavam, falavam, mas nada se apurava, nada se publicava, nada se confirmava, pois não havia CPI, não havia um Congresso de verdade, uma imprensa de verdade, uma Justiça de verdade, um país de verdade.

E qualquer empresa, grande, média ou mínima, para conseguir se manter, precisava obrigatoriamente ter na diretoria um militar. De qualquer patente. Para impor respeito, abrir portas, estar imune a perseguições. Se isso não é um tipo de aparelhamento, o que é, então? Um Brasil de mentirinha, ao som da trilha sonora ufanista de Miguel Gustavo.

Minha família se dilacerou. Meu irmão torturado, morto, corpo não sabido. Minha mãe assassinada, numa pantomima de acidente, só desmascarada 22 anos depois, pelo empenho do ministro José Gregory, com a instalação da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos no governo Fernando Henrique Cardoso.

Meu pai, quatro infartos e a decepção de saber que ele, estrangeiro, que dedicou vida, esforço e economias a manter um orfanato em Minas, criando 50 meninos brasileiros e lhes dando ofício, via o Brasil lhe roubar o primogênito, Stuart Edgar, somando no nome as homenagens ao seus pai e irmão, ambos pastores protestantes americanos – o irmão assassinado por membro louco da Ku Klux Klan. Tragédia que se repetia.

Minha irmã, enviada repentinamente para estudar nos Estados Unidos, quando minha mãe teve a informação que sua sala de aula, no curso de Ciências Sociais, na PUC, seria invadida pelos militares, e foi, e os alunos seriam presos, e foram. Até hoje, ela vive no exterior.

Barata tonta, fiquei por aí, vagando feito mariposa, em volta da fosforescência da luz magnífica de minha profissão de colunista social, que só me somou aplausos e muitos queridos amigos, mas também uma insolente incompreensão de quem se arbitrou o insano direito de me julgar por ter sobrevivido.

Outra morte dolorida foi a da atriz, minha verdadeira e apaixonada vocação, que, logo após o assassinato de minha mãe, precisei abdicar de ser, apesar de me ter preparado desde a infância para isso e já ter alcançado o espaço próprio. Intuitivamente, sabia que prosseguir significaria uma contagem regressiva para meu próprio fim.

Hoje, vivo catando os retalhos daquele passado, como acumuladora, sem espaço para tantos papéis, vestidos, rabiscos, memórias, tentando me entender, encontrar, reencontrar e viver, apesar de tudo, e promover nessa plantação tosca de sofrimentos uma bela colheita: lembrar aos meus mártires, e tudo de bom e de belo que fizeram pelo meu país, quer na moda, na arte, na política, nos exemplos deixados, na História, através do maior número de ações produtivas, efetivas e criativas que possa multiplicar.

E ainda há quem me pergunte em quê a Ditadura Militar modificou minha vida!
Hildegard Angel


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A busca


—I—
Longamente peregrinei
Por este mundo de coisas efêmeras.
Dele conheci os passageiros deleites. Como o belo arco-íris,
Que muito cedo em nada se desfaz,
Assim, desde as origens do mundo, Vi todas as coisas passarem
— Belas, festivas, deleitáveis.
Na busca do Eterno
Perdi-me entre as coisas finitas;
De todas provei, em busca da Verdade.
No perpassar das idades,
Conheci as delicias do mundo efêmero — A terna mãe com seus filhos, O arrogante e o livre,
O mendigo que erra pela face da terra,
O conforto dos ricos, A mulher tentadora, O belo e o feio,
O autoritário, o poderoso,
O homem importante, o benfeitor, o protetor, O oprimido e o opressor, O libertador e o tirano,
O homem de muitas posses,
O renunciante — o sannyasi,
O homem prático e o sonhador,
O arrogante sacerdote de suntuosas vestes —e o humilde devoto, O poeta, o artista, o criador.
Prostrei-me diante de todos os altares do
— mundo, Todas as religiões me conheceram,
Cerimônias inúmeras pratiquei,
Regalei-me das pompas do mundo, Combatente fui, de batalhas ganhas
— e perdidas, Desprezei e fui desprezado,
Conheci as tristezas e agonias
De inúmeras desditas,
Nadei em prazeres e na opulência.
Nos secretos recantos de meu coração,
— exultei, Conheci nascimentos e mortes sem conta,
Todas essas efêmeras esferas percorri,
Entre êxtases passageiros, crendo-as eternas, No entanto, jamais encontrei o eterno
— Reino da Felicidade.
Outrora
Eu Te buscava —
Ó Verdade imperecível, Ó Felicidade eterna,
Culminância de toda Sabedoria! —
No topo da montanha, No céu constelado,
Nas sombras do terno luar, Nos templos do homem, Nos livros dos doutos, Na tenra folha primaveril, Nas águas irrequietas, No rosto do homem,
No regato cantarolante, Na tristeza, na dor,
Na alegria e no êxtase — Mas não Te encontrei.
Assim como o montanhista ascende
— aos altos picos,
Largando a cada passo seus múltiplos fardos, Assim também me alcei ás alturas, Abandonando as coisas transitórias.
Como o sannyasi de áureas vestes, A buscar felicidade, com sua taça
— de mendicante, Assim também renunciei.
Como o jardineiro que mata
As ervas daninhas de seu jardim, Assim também aniquilei o ego.
Como os ventos,
Sou livre e sem entraves.
Forte e diligente como o vento
Que penetra os ocultos recantos do vale, Rebusquei
Os recessos de minha alma,
Purificando-me de todas as coisas, Passadas e presentes.
Qual o silêncio que, de súbito,
Se estende sobre o mundo rumoroso, Assim também, subitamente, Te encontrei No fundo do coração de todas as coisas
— e do meu próprio.
Sobre a trilha da montanha,
Sentado numa pedra,
A meu lado e dentro em mim Te encontrei E, em Ti e em mim contidas, todas as coisas. Feliz o homem que encontra a Ti e a mim Em todas as coisas.
Na luz do sol poente,
A filtrar-se entre as delicadas rendas
— de uma árvore primaveril, Eu Te contemplei.
Nas lucilantes estrelas
Te contemplei.
Na ave que passa rápida
E desaparece no negror da montanha, Te contemplei.
Tua glória despertou a glória que em mim —dormia.
Tendo encontrado, ó mundo, A Verdade, a Felicidade eterna, Dela desejo dar.
Vem, meditemos juntos,
Juntos ponderemos e sejamos felizes, Raciocinemos juntos e façamos surgir
— a Felicidade.
Tendo provado
E conhecido a pleno as tristezas e dores, Os êxtases e alegrias
Deste mundo efêmero,
Compreendo tua aflição.
A glória de uma borboleta só dura um dia, Assim também, ó mundo, são teus deleites
— e prazeres. Como as tristezas da criança,
Assim, ó mundo, são tuas tristezas e dores, Teus prazeres, que levam a muitas tristezas, Tuas desditas, que levam a maiores desditas, Incessante luta e fúteis vitórias.
Como o delicado botão,
Após padecer longo inverno,
Desabrocha e de fragrâncias o ar embalsama,
Para murchar antes de cair o sol,
Assim são tuas lutas, teus grandes feitos, — e tua morte -
- Uma roda de dor e de prazer, De nascimento e morte.
Assim como andei perdido entre as coisas — transitórias,
Em busca daquela eterna Felicidade, Assim também tu, ó mundo, estás perdido —na esfera do efêmero.
Desperta e reúne tuas forcas, Olha em torno e medita.
Aquela Felicidade imarcescível, Felicidade que é a única Verdade, Que é o fim de toda busca,
De toda indagação e dúvida,
Que liberta do nascimento e da morte, Felicidade que é a única lei,
O único refúgio,
A fonte de todas as coisas,
Que dá perene conforto,
Essa real Felicidade, que é Iluminação, Em ti habita.
'Fendo-me fortalecido,
Desejo dar
Desta Felicidade.
Tendo alcançado o desapego afetuoso,
Desejo dar
Desta Felicidade.
Tendo alcançado a tranqüilidade apaixonada,
Desejo dar
Desta Felicidade.
Tendo vencido a vida e a morte,
Desejo dar
Desta Felicidade.
Larga, ó mundo, tuas vaidades
E segue-me,
Pois sei o caminho que leva
— ao alto da montanha, Sei o caminho que leva ao fim
— desta agitação e tormento.
Só existe
Uma Verdade,
Uma Lei, Um Refúgio,
Um Guia
Para aquela eterna Felicidade.
Desperta, ergue-te,
Medita e reúne tuas farsas.


— II —
Assim como por uma só noite
As aves repousam numa árvore, Assim também privei com estranhos, Em minha longa viagem
Por muitas terras.
De cada feixe de trigo Tirei uma espiga.
De cada dia,
Tirei algum proveito.
Da árvore pejada de frutos, Colhi um fruto maduro.
Mais velozes que a lançadeira do tecelão São os meus dias.



— III —
Como, através de estreita janela, Contemplamos uma única folha verde,
— uma nesga do vasto céu azul, Assim também comecei a Te perceber,
— no começo de todas as coisas. E, como a folha se descolorou e murchou, E de escura nuvem a nesga de céu se encobriu, Assim também Tu esmaeceste e desapareceste, Para renascer outra vez,
Como aquela folha verde e a nesga de céu — azul.
Por muitas vidas vi passar o frigido inverno
— e a verde primavera.
Aprisionado em minha pequena alcova, Eu não via a árvore inteira e todo o céu, E jurava que não existia a árvore
— nem o vasto céu — Para mim, era aquela a Verdade.
Com a ação destruidora do tempo,
Minha janela cresceu.
E contemplei então
Um ramo com muitas folhas
Uma vasta expansão do céu,
— com muitas nuvens,
Esqueci a folha verde solitária
— e aquela nesga da imensidão azul. Jurava que não existia a árvore,
— nem o céu imenso — Para mim, era aquela a Verdade.
Cansado da prisão,
Da estreita cela,
Revoltei-me contra minha janela,
Com os dedos a sangrar,
Arranquei tijolo após tijolo,
E contemplei então
A árvore inteira, seu tronco majestoso, Seus ramos numerosos, suas miríades de
— folhas, E uma imensa parte do céu.
Jurava que não existia outra árvore, nem —outra parte do céu — Era aquela a Verdade.
Aquela prisão já me não retém, Saí a voar, através da janela,
Ó amigo,
Agora contemplo todas as árvores
— e a vastidão do céu sem limites.
E embora eu viva em cada folha e
— em cada nesga do vasto céu azul,
Embora eu viva em cada prisão,
— a espreitar por estreitas frestas,
Sou livre.
Não! Nada mais me prenderá —
ESTA é a Verdade.



— IV —
Ó mundo,
Em toda a parte buscas Felicidade.
Em todos os climas, Entre todas as pessoas,
Entre os animais e entre as verdes árvores, À margem das águas turbulentas,
Nas montanhas altaneiras,
Nos refrescantes vales
E nas terras crestadas de sol,
Sob o céu sereno e estrelado,
No esplendor do sol poente,
No frescor da madrugada —
Todas as coisas buscam essa Felicidade.
Ainda que teus filhos cerquem seus domínios De impenetráveis muralhas,
Vedando o acesso à Felicidade desejada, Ainda que teus doutos sacerdotes lutem
Em defesa dos deuses que mandam adorar,
Ainda que o conforto dos ricos lhes de a — estagnação,
Ainda que os oprimidos e explorados estejam — a sofrer,
Ainda que o pensador não tenha encontrado — a solução final,
Ainda que o sannyasi, renunciando ao mundo,
— não tenha alcançado a Iluminação,
Ainda que o mendigo, implorando compaixão
— de casa em casa, não tenha achado agasalho,
Ainda que teus filhos prefiram a escuridão — da noite à luz do dia,

E convertam a noite em dia —
Todos estão buscando aquela
— Felicidade eterna.
Como a árvore desolada sofre e anseia
— pela primavera e seu alegre verdor, Assim todos os teus filhos buscam
— aquela Felicidade eterna.
A dama mundana, apegada a seu luxo e — riquezas, A mulher de rosto pintado,
A donzela leviana,
O homem que nos trajos busca a felicidade,
O bebedor insaciável,
O homem que só pode ser feliz
— ocupado com algo,
O homem que mata para deleitar-se,
O sacerdote de vestes pomposas,
O homem cingido de simples tanga,
O ator vestido ao gosto dos espectadores,
O artista a lutar por criar,
O poeta a exprimir em palavras a — imensidade de seus pensamentos e sonhos,
O músico cuja alma vibra em sons,
O santo com seu ascetismo,
O pecador, se existe, esquecido de Deus
— ou do homem,
O burguês, de tudo amedrontado — Todos estão em busca da Felicidade.
Eles compram e vendem,
E constroem palácios magníficos,
Cercam-se de toda a beleza
Que o dinheiro pode comprar,
Plantam jardins, para regalo ,de seus — gostos requintados, Cobrem-se de jóias,
Ora disputam, ora se mostram cordiais, Bebem sem comedimento,
Comem sem moderação,
Ora rancorosos, ora pacíficos,
Rezam e amaldiçoam,
Amam e odeiam,
Morrem e tornam a nascer,
São cruéis para com o homem e o bruto, Destroem e criam,
Constroem e destroem —
Mas todos estão buscando a Felicidade, Felicidade nas coisas transitórias.
A rosa, tão bela e gloriosa, Está destinada A morrer amanhã.
Em busca da Felicidade,
Erguem soberbas estruturas,
Chamam-nas igrejas
E nelas entram,
Mas a Felicidade lhes foge, tal como
— nas ruas desadornadas.
Inventam um Deus, para ter satisfação, Mas, n'Ele nunca encontram
— aquilo a que aspiram.O incenso, as flores, as velas acesas,
As vestes esplêndidas, a música empolgante, São meros estímulos àquela busca.
A nota profunda do sino distante,
A oração monótona,
Os apelos, prantos e rogos,
São meros tateios no escuro
Em busca daquela Felicidade eterna.
Em busca da felicidade,
Edificam templos frios, gigantescos, Produto de muitas mentes, Trabalho de muitas mãos;
Os cânticos, o fumo da cânfora queimada, A beleza do lúpus sagrado, Não satisfazem seus anseios.
Em busca da Felicidade,
Subornam e corrompem, profanam
A Terra, os mares e montanhas.
Suas imagens esculpidas não respondem
— a seus chamados. Como o enxurro se precipita da montanha,
— tudo devastando em seu caminho, Assim, num instante, é destruída
— sua estrutura de felicidade; Com seu amor ciumento,
— mutuamente se destroem.
Em busca da Felicidade
Conferem títulos e nomes sonorosos Uns aos outros
E pensam ter encontrado
A fonte da Eternidade,
Pensam ter resolvido
O problema de seu sofrimento,
Em busca da Felicidade,
Casam-se e inebriam-se desta novel felicidade; São felizes como a flor,
Que se abre ao sol,
Para com o sol morrer.
Trocam de amor, para renovar seus deleites.
Transbordam de êxtase e,
Num instante,
A desdita é o epílogo de sua fugaz alegria.
Como a nuvem pejada, que se fende e esgota E desaparece dos ares,
Deixando o céu outra vez desnudo,
Assim é seu amor,
Que é rico e forte,
Que cria e destrói.
Seu amor, tão triunfante ao nascer,
Tão ardoroso em seus desejos,
Tão belo em pleno florescer,
Tão irrefreável em seu preenchimento, Fenece como a folha,
Para renascer e,
Como a folha,
De novo morrer.
Como a árvore tristonha
Que perdeu sua ridente folhagem, Assim é o homem
Que buscou a Felicidade
No amor.
Na solidão,
E nas ruas apinhadas,
Busca-se a Felicidade.
Todo o mundo clama por Felicidade. As brisas sussurram,
As procelas rugem ameaças,
Mas o homem busca a Felicidade
Nas coisas passageiras, Nas coisas transitórias,
Nas coisas que pode tocar e ver,
E geme e lamenta a perda de sua felicidade, Como a criança chora A boneca quebrada.
Porque sua felicidade murcha e morre Como a folha tenra.
Investiga suas esperanças,
Seus anseios, Seus desejos, Seu egoísmo,
Suas disputas e zangas,
Seus títulos de nobreza,
Suas ambições,
Suas glórias,
Suas recompensas, Suas distinções —
E encontrarás desilusão,
Vaidade,
Infelicidade.
Investiga suas distinções de classes, Suas distinções espirituais, Suas limitações,
Sua vulnerabilidade,
Seus preconceitos,
Seus afetos —
Encontrarás inconstância de propósitos, Inconstância de felicidade.
Aonde quer que olhes, Onde quer que andes,
Em qualquer clima que habites,
Há sofrimento, há dor, Vácuos impreenchíveis, Feridas abertas e doloridas, Descobertas e expostas, Ou cobertas com a armadura De festivos folguedos. Nenhum homem pode dizer: "Minha felicidade é indestrutível".
Em toda a parte há declínio e morte,
E a renovação da vida.
Assim são os que buscam a felicidade
— nas coisas transitórias — Sua felicidade é momentânea,
Como a borboleta que prova do mel
— de todas as flores E, no mesmo dia,
Morre.
Como o deserto que recebe abundantes chuvas Mas permanece terra desolada e sem sombras, Assim é sua felicidade.
Como as areias do mar são suas ações Na busca da Felicidade.
Como a árvore velha e possante, Sobranceira às outras, ao céu se eleva, Mas sucumbe aos golpes do machado, Assim é sua felicidade.
A Felicidade buscam
No que é transitório,
Fugidio,
Objetivo,
E não a encontram.
Assim é sua felicidade, que logo se acaba —sem satisfazer.
Pode-se cultivar em areia a árvore
— da Felicidade?
A Felicidade que nunca se gasta,
Que cresce com a ação,
Que aumenta com o sentimento,
Que nasce ,da Verdade, Que jamais declina,
Que não conhece começo nem fim,
Que é livre,
A Felicidade Eterna
Que eles jamais provaram;
A Felicidade
Que não conhece solidão,
Que é certeza imensa,
Que é desapego,
Que é amor impessoal,
Que é livre de preconceitos, Que não depende de tradição, De autoridade,
De superstições,
De nenhuma religião,
A Felicidade não subordinada a outrem,
A nenhum sacerdote,
Nenhuma seita,
Que não necessita de títulos, Que a nenhuma lei está sujeita, Que não pode ser abalada por
— nenhum Deus ou homem,Que é solitária e tudo abarca,
Que sopra das montanhas nevadas, Que sopra do deserto adusto, Que arde,
Que cura,
Que destrói,
Que cria,
Que se alegra na solidão e na multidão,
Que preenche a alma para toda a Eternidade, Que é Deus,
Que é a esposa, a mãe,
O marido, o pai,
O filho.
Que de nenhuma classe é, Porém da divina aristocracia, Que é a suma purificação,
Que é sua própria filosofia,
Vasta como os mares,
Ampla como os céus,
Profunda como o lago,
Tranquila como o vale silencioso, Serena como a montanha,
Livre da sombra da morte,
Da limitação do nascer,
Que é como a firmeza dos montes,
Que encerra o fruto de muitas gerações, Que é a consumação de todos os desejos, A suma Finalidade,
A fonte de toda existência,
O poço cujas águas nutrem os mundos, O êxtase, a alegria,
A luzente estrela de nosso ser,
Que .dá o divino descontentamento, Que nasce da Eternidade,
Que é a destruição do ego,
O reservatório da Sabedoria,
Que cria felicidade em outros,
Que tem domínio sobre todas as coisas — Esta Felicidade, ó mundo,
Jamais conheceste.
Porque de outrem recebeste tua nutrição Ensinado foste pelos lábios de outrem, Aprendeste a tirar tua farsa de outrem, Que tua felicidade depende de outrem,
Que tua redenção está nas mãos de outrem, A sabedoria na boca de outrem,
Que a Verdade só é alcançável
— através de outrem, Ensinaram-te a adorar o Deus de outrem,
A prostrar-te ante o altar de outrem, Disciplinar-te sob a autoridade de outrem, Moldar-te segundo o modelo de outrem, Permanecer à sombra de outrem, Crescer sob a proteção de outrem, A basear tuas opiniões nas de outrem, Ouvir com os ouvidos de outrem, Sentir com o coração de outrem, Pensar com a mente de outrem. Nutrido foste do estímulo
— das coisas transitórias, Do alimento que nunca satisfaz,
Do saber que desaparece, da luta. Nutrido foste pelas mãos dos satisfeitos, Com o que é falso e efêmero.
Foste nutrido pelas leis, pelos governos, — pelas filosofias, Dirigido, impelido e influenciado,
Abrigado foste na sombra
Que a todo instante muda,
Nutrido de falsas verdades e falsos deuses, Estimulado por falsos desejos,
Alimentado de falsas ambições,
Sustentado com os frutos da terra,
Ó mundo!
Ensinaram-te a buscar a Verdade
— no que é passageiro, E te nutriste de coisas transitórias;
Nestas jamais encontrarás a Felicidade Pela qual tua alma anseia e sofre.
Mas,
Como o mergulhador que desce ao fundo —do mar,
Em busca da pérola,
Arriscando a vida pelo gozo transitório,
Deves tu também penetrar fundo
— em ti mesmo,
Em busca da Eternidade.
Como o audaz alpinista, que escala e —conquista os altos cumes,
Deves tu também ascender àquela
— altura vertiginosa
De onde todas as coisas são vistas
— em suas verdadeiras proporções.
Como o lótus que, rompendo o lodo,
— ao céu se eleva,
Deves tu também arredar todas as coisas — transitórias,
Se queres descobrir aquele
— Reino da Felicidade.
Como a árvore majestosa, cuja farsa — depende de suas ocultas raízes
E alegremente enfrenta os vendavais,
Deves tu também assentar profundamente — em ti mesmo Tua farsa oculta,
Para enfrentar as vicissitudes do mundo. Como a rápida corrente conhece sua nascente, Deves tu também conhecer teu próprio ser. Como o manso lago azul
—de ignota profundeza,
Deve ser insondável a tua profundeza. Como o mar encerra uma multidão de seres
— vivos, Em ti jazem ocultos
— segredos de todos os mundos. Como na encosta da montanha, em altitudes
— várias, diferentes flores crescem, Assim também em ti existem
Gradações da beleza.
Como a terra em seu seio abriga
Tesouros que o homem jamais viu,
Em ti jazem ocultos
— ignorados segredos.
Como a imensa e inesgotável farsa dos ventos, Em ti reside imensa e invencível energia. Como os cumes das montanhas
— alegrados de sol, Deves tu exultar
Na luz do conhecimento de ti mesmo. Como a trilha tortuosa da montanha
— descortina a cada instante vistas novas, Assim também em ti há uma revelação
— constante. Como a estrela remota a cintilar
— em noite escura, É aquele que descobriu a si próprio.
Só em ti se encontra Deus, pois outro Deus
— não existe, És o Deus que todas as religiões e nações
— adoram,
Só em ti há alegria, êxtase, energia e farsa, Só em ti existe o poder de crescer, mudar,
— alterar, Só em ti se encontram acumuladas
— as experiências de muitas idades, Só em ti, a fonte de todas as coisas — Amor, ódio, ciúme, medo, furor e brandura — Só em ti se encerra o poder de criar e destruir, Só em ti, o começo de todo pensamento,
— sentimento e ação. Só em ti reside a nobreza,
Só em ti não há solidão.
De todas as coisas és senhor, De todas as coisas, a fonte.
Só em ti reside o poder de fazer bem
— e fazer mal,
Só em ti, o poder de criar Céu e Inferno, Só em ti, o poder de reger o futuro
— e o presente. És o senhor do Tempo,
Só em ti está o Reino da Felicidade,
Só em ti a Verdade Eterna,
Só em ti a fonte inesgotável do amor.
Ó mundo,
Se queres conhecer todos os segredos, Os tesouros de muitas idades,
As experiências de muitos séculos,
A farsa acumulada de muitas gerações, O pensamento do passado,
Os êxtases e alegrias, as tristezas e dores
— de passadas eras, E as ações grandes e fúteis das muitas vidas
— que para trás deixaste, Os séculos de incerteza e de dúvida,
Se queres conhecer o futuro imenso,
A jubilosa acepção a sublimes alturas,
A aventura do bem e cio mal,
O produto de todo pensamento, de todos os —sentimentos e ações, Das muitas vicias, passadas e futuras,
Se queres conhecer teus ódios, teus ciúmes, Tuas agonias, teus prazeres e dores, Teu amor extático, teu ditoso enlevo, Tua ardente devoção, teu borbulhante
— entusiasmo, Teu ditoso zelo, teu culto doloroso,
Tua incontida adoração,
Se queres conhecer o perdurável,
O eterno, o indestrutível,
A Divindade, a Imortalidade,
A Sabedoria, que é o tesouro do Céu,
Se queres conhecer o eterno
— Reino da Felicidade,
A Beleza que nunca se desvanece ou declina, Se queres conhecer a Verdade imperecível
— e única --Então, ó mundo,
Perscruta tuas próprias profundezas,
Com olhos límpidos — se queres perceber —todas as coisas.
Como o lago tranqüilo que reflete o céu, Assim deverão todas as coisas em ti se refletir. Como a flor que desabrocha
— à branda luz cio sol, Deves tu te abrir, se te queres conhecer.
Como a águia aos ares se alça incontida e livre, Deves tu ascender, se te queres conhecer. Como o rio desce alegre para o mar,
Deves tu alegrar-te, se te queres conhecer. A montanha forte e pujante
Deves igualar-te, se te queres conhecer. Como a gema que cintila ao sol,
Deves tu cintilar, se te queres conhecer. Como a mãe que o filho aconchega com terna
— afeição,
Assim deves ser, se te queres conhecer. Como os ventos são livres, e nada os entrava, Assim deves ser, se te queres conhecer.
Se de todas as coisas queres provar,
Ó mundo,
E comigo entrar no Reino da Felicidade, Livra-te deste veneno que corrompe
— a Verdade —
O preconceito.
Porque és imenso em teus preconceitos, Tanto velhos como novos.
Livra-te da estreiteza de tuas tradições, Convenções, hábitos, sentimentos
— e pensamentos, Da estreiteza de tua religião, de teu culto
— e adoração, De teu nacionalismo,
De teu lar e teu sentimento de posse,
De teu amor,
De tua amizade,
De teu Deus e da maneira de o venerares,
De tua concepção da beleza, De tuas ocupações e deveres, De teus feitos e glórias;
Da estreiteza de tuas recompensas e punições, De teus desejos, ambições e fins,
De teus anseios e satisfações,
De teus contentamentos e descontentamentos, De tuas lutas e vitórias, De tua ignorância e de teu saber,
De tuas doutrinas e leis,
De tuas idéias e opiniões — De tudo isso — livra-te!
O preconceito é como a sombra No flanco da montanha,
Como a nuvem negra
No céu límpido,
Como a rosa que murchou
E já não deleita o mundo,
Como a praga que destrói
A seiva que amadurece o fruto. Como a ave que perdeu
O vigor de suas asas,
Como o homem que não tem ouvidos
E é surdo para a música melodiosa, Como o homem que não tem olhos
E é cego para o esplendor do crepúsculo, Como as sensações deleitosas Para o homem sem vigor.
O preconceito é como o lago agitado,
Que não reflete a beleza do céu,
Como a rocha nua da montanha,
Como a terra árida de uma região
— sem sombras, Como o leito seco do rio,
Há muitos verões
Privado do frescor das águas,
Como a árvore que perdeu a felicidade
— de seu verdor, Como a mulher estéril,
Como o sopro do inverno
Que mirra todas as coisas,
Como a sombra da morte
Sobre uma fértil região.
O preconceito é mau,
Corruptor do mundo,
Destruidor do belo,
Raiz de todas as desditas,
Medra na ignorância,
É um estado de total escuridão, — impenetrável à luz. É abominação,
Pecado contra a Verdade.
Se te queres conhecer,
Livra-te dessa erva daninha que te enleia, Te sufoca,
Te destrói a visão,
Te mata a afeição,
Te tolhe o pensamento.
Quando livre fores, sem peias,
Teu corpo bem controlado,
— sem tensão nenhuma, Teus olhos capazes de todas as coisas perceber
— em sua pura nudez, Teu coração sereno e rico de afeição,
Tua mente bem equilibrada,
Então, ó mundo,
Os portões daquele Jardim,
Do Reino da Felicidade,
Estarão abertos.


-V-
Desde o começo dos tempos, Desde as origens da Terra, Eu conhecia
O Destino de todas as coisas.
Como o impetuoso rio conhece Desde sua nascente,
O alvo de sua longa jornada, Ainda que percorra muitas terras, Assim também eu conhecia
A meta.
Como na estação do Inverno
A árvore nua conhece
As alegrias da vindoura Primavera, Assim também eu conhecia
A meta.
Longamente peregrinei Através de muitas vidas, Por muitas terras,
Entre muitos povos, Em busca daquela meta Que eu conhecia.
Como as águas estagnadas
Se purificam
Com a vinda das chuvas,
Assim também eu ficara
Inerte
Até que a tormenta das lágrimas Me veio purificar.
Carreguei o pesado fardo
De muitas posses,
Das riquezas do mundo,
Dos confortos que fazem a estagnação.
Regalei-me
Das delícias da abundância,
Até que a tormenta das lágrimas Lavou-me o orgulho da riqueza. E como as terras do deserto, Sem sombras,
Assim se tornou minha vida. Prostrei-me ante os altares
Dos santuários que encontrei
— à margem da estrada;
Seus Deuses me recusaram A meta que eu conhecia.
Seus sacerdotes me cativaram
Com a magia de suas palavras,
A embriaguez de seu incenso.
Abrigado nas sombras,
— entre as paredes do templo, Na treva permaneci,
A implorar aquela meta
Que eu conhecia.
E, então, de novo,
O turbilhão da dor
Jogou-me para a estrada.
Criei filosofias e credos,
Complicadas teorias da vida, Entranhei-me
Das criações intelectuais do homem, Com elas me engrandeci em arrogância. E, tão súbito
Como a tempestade desaba,
Vi-me nu,
Esmagado pela agonia
Das coisas transitórias.
A tudo renunciando,
Nu como estava,
Retirei-me do mundo dos prazeres, Para a solidão.
À sombra das grandes árvores,
No recolhimento do vale silencioso, Busquei a meta
Que minha alma implorava,
A meta que eu conhecera
Através dos tempos.
Grande era o meu amor,
Grande a satisfação que me dava, Eu cantava,
Eu dançava,
No êxtase de meu amor,
Mas, assim como a terna rosa Emurchece
Em pleno verão,
Assim meu amor mirrou Em pleno folguedo.
Fiquei vazio como o amplo céu, Implorando a meta
Que eu conhecia.
Como o construtor dispõe Tijolo sobre tijolo,
Para o edifício de seus sonhos, Assim, desde a antiguidade, Desde as origens da Terra, Eu ajuntei
Os resíduos da experiência De vidas sucessivas,
Para a consumação
Dos anelos de meu coração.
Como a flor dorme de noite, Reservando sua glória Para as alegrias da manhã, Assim, reunindo minhas farsas,
Penetrei fundo
Nos arcanos de meu coração,
Para gozar as alegrias do descobrimento. E como o homem que a luz discerne
No fim de extenso túnel, Assim eu discerni
O alvo de minha busca, A meta que eu conhecia.
Olha!
Minha casa está pronta e bem abastecida, E agora sou livre
Para iniciar a viagem.
Como o rio potente conhece Desde sua nascente
A meta de sua longa jornada, Eu também conhecia
A meta.
Assim como em tempo de Inverno
A árvore desnuda
Conhece as alegrias da vindoura Primavera, Eu também conhecia
A meta.
Desde a mais remota antiguidade, Desde as origens da Terra,
Eu conhecia
A meta final de todas as coisas.
Olha! É chegada a hora,
A hora que eu aguardava,
Liberto estou
Da vida e da morte.
Tristeza e prazer já me não visitam, Liberto estou do apego na afeição, Emancipado do mito dos Deuses.
Como o luar claro e sereno
Da estação das colheitas,
Assim eu sou
Na minha Libertação.
Simples como a tenra folha —
Pois em mim tenho guardados
Muitos Invernos e muitas Primaveras.
Como a gota de orvalho é a filha do mar, Assim também eu nasci No oceano da Libertação.
Como o rio misterioso Que no largo mar se lança, Adentro me lancei
No mundo da Libertação: A meta que eu conhecia.

Canção do Divino Mestre

Aí vai o disco todo..... Aproveite!!!!



1998
Álbum “Canções do Divino Mestre”
[Varios intérpretes]

Um projeto de CARLOS RENNÓ
Sobre a obra Bhagavad Gita – Canção do Divino Mestre
Tradução de ROGÉRIO DUARTE
Produção artística de CARLOS RENNÓ
Produção musical de CID CAMPOS
Companhia das Letras CD
1. OBSERVANDO OS EXÉRCITOS (Rogerio Duarte) Rogerio Duarte/Alberto Marsicano
2. LEITURA DE ROGERIO DUARTE
3. O LAMENTO DE ÁRJUNA (Chico Cesar/Rogerio Duarte) Chico César
4. A ETERNIDADE DA ALMA (Gilberto Gil/Rogerio Duarte) Gilberto Gil
5. LEITURA DE ROGERIO DUARTE E WALY SALOMÃO
6. EXORTAÇÃO À LUTA (Siba/Rogerio Duarte) Siba
7. A ESPADA DO SABER TRANSCENDENTAL (Belchior/Rogerio Duarte) Belchior
8. QUEM PARTE NA LUZ, QUEM PARTE NAS TREVAS (Tom Zé/Rogerio Duarte) Tom Zé
9. OFERENDA A MIM (Roberto Mendes/Rogerio Duarte) Gal Costa e Mou Brasil
10. A BASE DO SUPREMO (Moreno Veloso/Rogerio Duarte) Moreno Veloso, Pedro Sá e Quito
11. A PESSOA SUPREMA (Péricles Cavalcanti/Rogerio Duarte) Péricles Cavalcanti
12. LEITURA DE WALTER SILVEIRA
13. AS QUALIDADES DAS PESSOAS DE NATUREZA DIVINA (Arnaldo Antunes/Rogerio Duarte) Arnaldo Antunes
14. O HOMEM DEMONÍACO (Arrigo Barnabé/Rogerio Duarte) Arrigo Barnabé
15. LEITURA DE WALTER SILVEIRA
16. O COMEDOR DE CACHORRO (Cid Campos/Carlos Rennó/Rogerio Duarte) Cássia Eller e Luiz Brasil
17. DEVE-SE PENSAR EM DEUS (Maharaj/Ivan Bastos/Rogerio Duarte) Maharaj
18. A PESSOA TRANSCENDENTAL (Roberto Mendes/Rogerio Duarte) Jussara Silveira
19. A VISÃO DO YOGUI SINCERO (Tuzé de Abreu/Rogerio Duarte) Ana Amélia e Rogerio Duarte
20. MAHA MANTRA (Tomaz Lima/Rogerio Duarte) Tomaz Lima
21. LEITURA DE TAINA GUEDES
22. LEITURA DE LENINE
23. A REFULGÊNCIA DE DEUS NA FORMA UNIVERSAL (Raghunatha Das/Rogerio Duarte) Rogerio Duarte
24. A VISÃO DE KRISHNA NA FORMA UNIVERSAL (Lenine)
25. LEITURA DE LENINE
26. LEITURA DE TAINÁ GUEDES
27. A SEMENTE ORIGINAL (Geraldo Azevedo/Rogerio Duarte) Geraldo Azevedo
28. QUE É MUITO QUERIDO A MIM (Geraldo Azevedo/Rogerio Duarte) Elba Ramalho
29. A LOUVAÇÃO DE KRISHNA POR ÁRJUNA (Walter Franco/Rogerio Duarte) Walter Franco
30. A OPULÊNCIA DO ABSOLUTO (Oliveira De Panelas/Rogerio Duarte) Oliveira de Panelas
31. O PAI DO UNIVERSO (Gilberto Mendes/Rogerio Duarte) João Duarte
32. FINAL (A conclusão de Sánjaya) (Alberto Marsicano/Rogerio Duarte) Rogerio Duarte e Alberto Marsicano

Quem É Muito Querido a Mim


Quem É Muito Querido a Mim
Elba Ramalho

Quem é muito querido
Quem é muito querido a mim
É muito querido a mim

Aquele que não inveja
Que é amigo sincero
De todos os seres vivos
Que não tem senso de posse
Que tem a mesma atitude
Na tristeza ou na alegria
Que é sempre determinado
Tendo a mente e o intelecto
Harmonizados comigo
É muito querido a mim
Harmonizados comigo
É muito querido a mim

Quem nunca perturba os outros
Nem se deixa perturbar
Além da dualidade

Do sofrimento e prazer
Livre do medo e da angústia
Também é muito querido
Aquele que não se apega
Nem ao prazer nem à dor
Que não rejeita ou deseja
Ao que agrada ou aborrece
Renunciando igualmente
É muito querido a mim
Renunciando igualmente
É muito querido a mim
Quem age do mesmo modo
Com amigos e inimigos
E não muda de atitude
No ostracismo ou na glória
No sucesso ou no fracasso
Que nunca se contamina
E sempre fica contente
Com o que lhe é oferecido
Este me é muito querido
É muito querido a mim

Este me é muito querido
É muito querido a mim

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sempre vi a vida assim.....


Jethro Tull - Thick As A Brick


Tentei pegar na internet a letra toda, mas só achei dividida e não sincronizada com a música. Portanto, desisti de fazer a sincronização. Mas essas é, com certeza, uma das melhores músicas de todos os tempos.

Pérolas



O Lado Oculto das Reuniões de Loja


O LADO OCULTO DAS REUNIÕES DE LOJA
C. W. Leadbeater

Consideremos o lado oculto de uma reunião de uma Loja mais especificamente, o encontro semanal comum onde a Loja está seguindo uma linha de estudo definida. Refiro-me, é claro, somente aos encontros dos membros da Loja, pois os efeitos ocultos que desejo descrever são de todo impossíveis quando se trata de quaisquer reuniões em que são admitidos não-membros.

Naturalmente o trabalho de toda Loja tem seu lado público. Há palestras dadas ao público, e se concede espaço para que perguntem coisas; tudo isso é bom e necessário. Mas toda Loja que é digna de seu nome também faz algo muito mais elevado do que qualquer outro trabalho no plano físico, e este trabalho mais elevado só pode ser feito em seus encontros privados. Além disso ele só pode ser realizado se estes encontros são conduzidos de forma apropriada e todo harmoniosa. Se os membros estão pensando em si mesmos de qualquer modo - se eles têm vaidades pessoais expressas como o desejo de brilhar ou de tomar parte proeminente nos trabalhos; se possuem outros sentimentos personalistas de modo que possam sentir-se ofendidos ou afetados por inveja ou ciúme, possivelmente nenhum efeito oculto poderá ser produzido. Mas se eles esqueceram de si mesmos no anseio ardente de entender o assunto que está sendo estudado, um resultado muito considerável e benéfico, do qual eles usualmente não têm a menor idéia, pode prontamente ser produzido. Deixem-me explicar a razão disto.

Suponhamos que se realize uma série de encontros onde está sendo estudado um determinado livro. Todo membro saberá de antemão quais parágrafos ou páginas serão abordados no encontro, e espera-se que ele não chegue à reunião sem uma preparação prévia. Ele não deve estar em uma atitude completamente passiva, como um passarinho em seu ninho à espera de que alguém vá alimentá-lo; ao contrário, todos os membros devem ter uma compreensão inteligente do assunto que vai ser analisado, e devem estar preparados para contribuir com sua parte de informação. Um bom plano é que cada membro do círculo faça-se responsável pelo exame de alguns dos nossos livros Teosóficos.

O assunto a ser debatido no encontro deve ter sido anunciado no encontro anterior, e cada membro deve responsabilizar-se pela procura, no livro ou nos livros de que se encarregou, de qualquer referência ao assunto em questão, de modo que quando chega ao encontro ele já possui todas as informações que aqueles livros particulares contêm a este respeito, e está preparado para contribuir quando for solicitado. Deste modo cada membro tem seu trabalho a fazer, e cada um é grandemente auxiliado na direção de uma compreensão clara e plena do assunto sob consideração quando todos os presentes fixam firmemente sua atenção sobre ele. A fim de entendermos isso completamente pensemos por um momento no efeito de um pensamento.

Todo pensamento que seja suficientemente definido para ser digno do nome produz dois resultados distintos. Primeiro, ele é por si mesmo uma vibração do corpo mental, que pode ocorrer em diferentes níveis dentro deste corpo. Assim como qualquer outra vibração, ele tende a reproduzir-se na matéria circundante. Assim como a corda de uma harpa posta a vibrar comunica a vibração ao ar em torno, produzindo um som audível, da mesma forma a vibração do pensamento produzida em matéria de determinada densidade dentro do corpo mental da pessoa comunica-se à matéria da mesma densidade no plano mental que a rodeia.

Segundo, cada pensamento rodeia a si mesmo da matéria viva do plano mental e torna-se um veículo que denominamos forma-pensamento. Se o pensamento é um simples exercício do intelecto (como quando estamos envolvidos na resolução de um problema matemático ou geométrico) a forma-pensamento permanece nos planos mentais; mas se ela for minimamente tingida de desejo ou emoção, ou se de qualquer maneira for ligada ao eu pessoal, imediatamente ela atrai para si também uma veste de matéria astral, e se manifesta no plano astral.

Um esforço intenso para compreensão do abstrato - uma tentativa de compreender o que significa a quarta dimensão ou o "arquétipo" de uma mesa, por exemplo - significa uma atividade nos níveis mentais mais altos; mas se o pensamento é mesclado de afeição altruísta, elevadas aspiração ou devoção, é mesmo possível que possa ser penetrado de uma vibração do plano búdico e ter seu poder multiplicado centenas de vezes. Devemos considerar estes dois resultados em separado e ver o que decorre de cada um.

A vibração pode ser imaginada como se irradiando no plano mental através da matéria que for capaz de responder a ela - isto é, através de matéria do mesmo grau de densidade que aquela onde ela foi gerada originalmente. Irradiando-se desta forma ela naturalmente entra em contato com os corpos mentais de muitas outras pessoas, e sua tendência é reproduzir-se nestes corpos. A distância a que ela é capaz de se irradiar depende em parte da natureza da vibração e em parte da oposição que encontra. As vibrações misturadas aos tipos mais baixos de matéria astral podem ser refletidas ou neutralizadas por uma multidão de outras vibrações no mesmo nível, assim como no meio do ruído de uma grande cidade um som suave será completamente abafado.

O pensamento autocentrado usual do homem comum inicia no mais baixo dos níveis mentais e imediatamente mergulha nos planos astrais correspondentemente baixos. Portanto seu poder em ambos os planos é muito limitado, pois por mais violento que seja, existe um mar tão vasto e turbulento de pensamentos similares em toda parte que as vibrações muito logo se perdem e dissipam na confusão.

Uma vibração gerada em um nível mais alto, contudo, tem um campo muito mais livre para sua atuação, porque no presente o número de pensamentos que produzem este tipo de vibração é muito reduzido - de fato o pensamento Teosófico está quase em uma classe especial no que diz respeito a este ponto de vista. Há pessoas realmente religiosas cujo pensamento é tão elevado quanto o nosso, mas nunca é igualmente preciso e definido; há vasto número de pessoas cujos pensamentos sobre negócios e ganho de dinheiro são tão exatos quanto poderia ser desejado, mas não são nem elevados nem altruístas. Até mesmo o pensamento científico pouco alcança a mesma classe que o verdadeiro pensamento Teosófico, de modo que se pode dizer que nossos estudantes possuem um campo só para eles no mundo mental.

O resultado disso é que quando uma pessoa pensa em assuntos Teosóficos ele está emitindo à toda sua volta uma vibração que é muito poderosa, pois praticamente não encontra oposição, como um som no meio de um vasto silêncio, ou como uma luz brilhando no meio da noite mais escura. Ela põe em movimento um nível de matéria mental que até agora mui raramente é usado, e as radiações que ela causa atingem o corpo mental do homem comum em um ponto que está praticamente adormecido.

É isso que dá a este pensamento seu valor especial, não só para o pensador mas como para os que estão à sua volta, pois sua tendência é despertar e levar à atividade uma parte todo nova do aparato pensante. Deve ser entendido que uma tal vibração não necessariamente veicula pensamentos Teosóficos aos que os ignoram, mas ao estimular esta porção mais alta do corpo mental indubitavelmente ela tende a elevar e liberalizar o pensamento da pessoa como um todo, ao longo de quaisquer linhas em que ele esteja acostumado a funcionar, e assim produz um benefício incalculável.

Se o pensamento de uma única pessoa produz estes resultados, logo entenderemos que o pensamento de vinte ou trinta pessoas, dirigido para o mesmo assunto, resultará em uma força imensamente maior. O poder do pensamento unificado de um grupo de pessoas é de longe maior que a soma dos seus pensamentos em separado, seria muito mais fielmente indicado pelo produto de sua multiplicação. Assim se vê que mesmo só deste ponto de vista é muito bom que uma cidade ou comunidade tenha em seu meio uma Loja Teosófica com encontros regulares, uma vez que seus trabalhos - se forem conduzidos no espírito apropriado - não podem senão ter um efeito nitidamente elevador e enobrecedor sobre o pensamento da população em torno. Naturalmente haverá muitas pessoas cujas mentes ainda não podem de modo algum ser despertas nestes níveis elevados, mas mesmo para estas o constante impacto de ondas desse pensamento mais elevado trará para mais perto o tempo de seu despertar.

Tampouco devemos esquecer o resultado produzido pela formação de formas-pensamento definidas. Elas também irradiarão a partir do centro das atividades, mas podem afetar apenas as mentes que em algum grau já forem responsivas a idéias desta natureza. Hoje em dia já existem muitas destas mentes, e há membros que podem atestar o fato de que depois de terem discutido uma questão como a reencarnação não é incomum que sejam solicitados a dar informações sobre este mesmo assunto para pessoas que eles não supunham estar nele interessadas anteriormente. Deve ser observado que a forma-pensamento é capaz de veicular a natureza exata do pensamento para aqueles que estiverem de alguma forma preparados para recebê-la, ao passo que a vibração do pensamento, embora alcance um círculo maior, é muito menos definida em sua atuação.

Podemos ver, assim, que sobre o plano mental é produzido um efeito impressionante, muito além das intenções de nossos membros no decurso usual de seus estudos - algo muito maior, em verdade, do que seus esforços conscientes no sentido de propaganda jamais produziriam. Mas isso não é tudo, pois a parte mais importante ainda está por vir. Toda Loja da Sociedade é um centro de interesse para os Grandes Mestres de Sabedoria, e quando ela trabalha lealmente Seus pensamentos e os de Seus discípulos freqüentemente se voltam para ela. Desta forma freqüentemente uma força muito maior do que a nossa brilha de nossos encontros, e uma influência de valor inestimável pode ser focalizada onde, até onde sabemos, não poderia ser colocada de outra maneira.

Este pode, de fato, parecer o limite que nosso trabalho pode alcançar, mas há outra coisa ainda maior. Todos os estudantes do oculto sabem que a luz e vida do Logos inundam todo o Seu sistema - que em todos os planos é derramada a manifestação específica e apropriada de Sua força. Naturalmente quanto mais elevado o plano menos velada é a Sua glória, porque quanto mais subimos mais nos aproximamos de sua fonte. Normalmente a força derramada em cada plano fica estritamente limitada a ele, mas ela pode descer e iluminar um plano mais abaixo se for preparado um canal especial para ela.

Um destes canais é fornecido sempre que um pensamento ou sentimento tenha um aspecto completamente impessoal. Uma emoção egoísta se move em uma curva fechada e assim traz sua resposta em seu próprio plano, uma emoção completamente altruísta é um jorro de energia que não retorna, mas em seu próprio movimento ascendente provê um canal para o derramamento de poder divino a partir do plano imediatamente acima. Esta é a realidade que jaz por trás da antiga idéia da resposta às preces.

A pessoa que se ocupa seriamente do estudo das coisas superiores durante este tempo é elevada inteiramente acima de si mesma e gera uma poderosa forma-pensamento no plano mental. Esta é imediatamente empregada como um canal pela força que paira no plano imediatamente acima. Quando um grupo de pessoas se reúne em um pensamento desta natureza, o canal que elas criam é em sua capacidade desproporcionalmente maior do que a soma de seus canais separados; um encontro destes é portanto uma bênção inestimável para a comunidade onde ocorre, pois através dele (mesmo nos encontros mais comuns de estudo, quando se analisam assuntos como rondas e raças, pitris e cadeias planetárias), pode acontecer um derramamento para dentro do plano mental inferior de forças que normalmente são características do mental superior.

Se a atenção é dirigida para o lado mais elevado do ensinamento Teosófico e estudam-se questões de ética e do desenvolvimento da alma, como as que encontramos em A Luz no Caminho, A Voz do Silêncio e nossos outros livros devocionais, ela pode criar um canal de pensamento mais elevado através do qual a força do próprio plano búdico desce até o mental, e assim se irradia e influencia para o bem muitas almas que de modo algum estariam abertas para isso se a força permanecesse em seu próprio nível.

Esta é a função real e maior de uma Loja da - prover um canal para a distribuição da vida divina, e assim temos uma outra ilustração para nos mostrar o quão maior é o invisível do que o visível. Para os fracos olhos físicos tudo o que se vê é um pequeno grupo de estudantes se encontrando semanalmente no anseio ardente de aprender e se qualificar para ser de utilidade para seus irmãos. Mas para os que podem ver mais do mundo, desta pequena raiz brota uma flor gloriosa, pois não menos que quatro poderosas correntes de influência se irradiam daquele centro aparentemente insignificante - a corrente da vibração do pensamento, o grupo de formas-pensamento, o magnetismo dos Mestres de Sabedoria, e a poderosa torrente de energia divina.

Eis também aqui um exemplo da importância prática de um conhecimento do lado invisível da vida. Pela falta deste conhecimento muitos membros se tornam relapsos no desempenho de seus deveres, descuidados na assiduidade aos encontros da Loja, e assim perdem o privilégio inestimável de se tornarem partes de um canal para a Vida Divina. De fato tenho ouvido falar de alguns membros que são irregulares em sua freqüência porque consideram as reuniões enfadonhas, e acham que não ganham muito com elas! Estas pessoas ainda não compreenderam o fato elementar de que eles se reúnem não para receber, mas para dar; não para ganhar e se divertir, mas para assumirem seu lugar em um trabalho grandioso para o bem da humanidade.

Existe um lado invisível em tudo, e viver a vida de um ocultista é estudar este lado interno mais elevado da natureza, e então adaptar-se a ele de modo inteligente. O ocultista olha para o todo de cada assunto que aborda, em vez de apenas para sua parte mais baixa e menos importante, e assim organiza suas ações de acordo com o que vê, em obediência ao que ditam o simples bom senso e a Lei de Amor que guia o universo. Aqueles, pois, que querem estudar e praticar ocultismo devem desenvolver em si mesmos três características inestimáveis - conhecimento, bom senso e amor.

A Teosofia não deve representar meramente uma coleção de verdades morais, um feixe de éticas metafísicas epitomizadas nas dissertações teóricas. A Teosofia deve ser prática, e portanto deve ser livre de discussões inúteis. Ela deve encontrar expressão objetiva em um vasto código da vida completamente impregnado com seu espírito - o espírito da tolerância mútua, caridade e amor.

Troque medo por coragem....


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Mercy Street...


Mercy Street

Looking down on empty streets, all she can see
are the dreams all made solid
are the dreams all made real

all of the buildings, all of those cars
were once just a dream
in somebody's head

she pictures the broken glass, she pictures the steam
she pictures a soul
with no leak at the seam

let's take the boat out
wait until darkness
let's take the boat out
wait until darkness comes

nowhere in the corridors of pale green and grey
nowhere in the suburbs
in the cold light of day

there in the midst of it so alive and alone
words support like bone

dreaming of mercy street
wear your inside out
dreaming of mercy
in your daddy's arms again
dreaming of mercy street
swear they moved that sign
dreaming of mercy
in your daddy's arms

pulling out the papers from the drawers that slide smooth
tugging at the darkness, word upon word

confessing all the secret things in the warm velvet box
to the priest-he's the doctor
he can handle the shocks

dreaming of the tenderness-the tremble in the hips
of kissing Mary's lips

dreaming of mercy street
wear your insides out
dreaming of mercy
in your daddy's arms again
dreaming of mercy street
swear they moved that sign
looking for mercy
in your daddy's arms

mercy, mercy, looking for mercy
mercy, mercy, looking for mercy

Anne, with her father is out in the boat
riding the water
riding the waves on the sea

Musica para mim é vida!!!! Peter Gabriel



Linda casinha...




Coração de estudante.... Há que se cuidar da vida..... Há que se cuidar do mundo

Acaba que são sempre vocês que deverão cuidar de seus futuros, já que a geração dos seus pais não fez e ainda por cima brigam por vocês não serem acomodados iguais eles, que um dia não foram, mas que cansaram. Mas vou lhes dizer uma coisa, pelo menos em minha geração muito foi feito, sempre aos poucos, mas feito.


Coração de Estudante
Milton Nascimento

Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor

Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora, cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor, flor, e fruto

Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração,
Juventude e fé.