sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Dona da Minha Cabeça



Dona da Minha Cabeça 
Geraldo Azevedo

Dona da minha cabeça ela vem como um carnaval
E toda paixão recomeça
ela é bonita, é demais
Não há um porto seguro
futuro também não há
Mas faz tanta diferença
quando ela dança, dança

Eu digo e ela não acredita
ela é bonita demais
Eu digo e ela não acredita
ela é bonita, é bonita

Dona da minha cabeça quero tanto lhe ver chegar
Quero saciar minha sede
milhões de vezes, milhões de vezes
Na força dessa beleza é que eu sinto firmeza e paz

Por isso nunca desapareça
Nunca me esqueça,
que não te esqueço jamais

Eu digo e ela não acredita
ela é bonita demais
Eu digo e ela não acredita
ela é bonita, é bonita.

Você se Lembra?



Você Se Lembra 
Geraldo Azevedo, Oswaldinho e Fausto Nilo

Entre as estrelas do meu drama,
Você já foi meu anjo azul,
Chegamos num final feliz, na tela prateada da ilusão...
Na realidade, onde está você?
Em que cidade você mora?
Em que paisagem, em que país...
Me diz em que lugar... cadê você?
Você se lembra torrentes de paixão?
Ouvir nossa canção
Sonhar em Casa Blanca e se perder...
No labirinto de outra história

A caravana do deserto
Atravessou meu coração
E eu fui chorando por você
Até os 7 mares do sertão
Você se lembra torrentes de paixão?
Ouvir nossa canção...
Sonhar em Casa Blanca e se perder...
No labirinto de outra história

Na realidade, onde está você?
Em que cidade você mora?
Em que paisagem, em que país...
Me diz em que lugar... cadê você?
Você se lembra torrentes de paixão?
Ouvir nossa canção
Sonhar em Casa Blanca e se perder...
No labirinto de outra história
Você se lembra...?

Moça Bonita



Moça Bonita 
Geraldo Azevedo

Moça bonita, seu corpo cheira
Ao botão da laranjeira
Eu também não sei se é
Imagine o desatino
É um cheiro de café
Ou é só cheiro feminino
Ou é só cheiro de mulher

Moça bonita, seu olho brilha
Qual estrela matutina
Eu também não sei se é
Imagina minha sina
É o brilho puro da fé
Ou é só brilho feminino
Ou é só brilho de mulher

Moça bonita, seu beijo pode
Me matar sem compaixão
Eu também não sei se é
Ou pura imaginação
Pra saber, você me dê
Esse beijo assassino
Nos seus braços de mulher.

Das terras de Benvirá



Das terras de Benvirá
Geraldo Vandré

O anel que tu me deste
eu quardei pra me ajudar
construi numa viola
de madeira o teu altar
o amor que tu me tinhas
eu roubei pra me salvar
toda hora em que a danada da saudade
me pega

Joema dos olhos claros
bem verdes das cor do mar
me dava tanta alegria
que eu não preciso sonhar
basta me lembrar agora
das coisas que deixei lá
Joema sempre esperando
na praia do grande mar

Waldomiro das estrelas
não podia se encontrar
tinha tudo que queria
dizia tudo há pintar
olhando pro céu de frente
perdido sempre em chegar
Waldomiro das estrelas
pedia para voltar

que faço agora Maria
que faço agora diz já
de longe que eu ouço hoje
as coisas que vão voltar
em ti em ti e comigo
agora no Deus dará
das coisas de todo mundo
na vida do bendirá

Na Terra Como No Céu....



Na Terra Como No Céu
Geraldo Vandré

Não viemos por Teu pranto
nem viemos pra chorar
viemos ao Teu encontro
e estamos no Teu altar
vou seguir nosso caminho
que é também Seu caminhar
na força do Teu carinho
esperamos nos salvar
na terra como no céu
no sertão como no mar
nas serras ou nas planuras
esperamos nos salvar
estando sempre altura
nos Teus caminhos lutar
reparte entre nós, Senhor
diante do Teu altar
a justiça e a riqueza
que fizemos por ganhar
não deixa a gente passar
pela fome em Tua mesa
não viemos por Teu pranto
nem viemos pra chorar.

Veja isso como uma prece.....


"Cada ser carrega uma luz no coração e é portador de sublimes potenciais a serem despertados. 

Porém, antes disso, precisa ser provado no cadinho das experiências necessárias ao seu burilamento. 

Precisa abrir o coração e servir ao Plano Maior. 

Antes do acesso à Consciência Cósmica, primeiro as lições de humildade, responsabilidade, respeito as leis da natureza e a vontade de servir à evolução da humanidade no anonimato. 

Trabalhar incessantemente sem os arroubos da arrogância, sempre consciente dos excelsos objetivos. 

Nas trilhas da espiritualidade, não há espaço para objetivos mesquinhos e sabotagens diversas. 

Quem almeja o despertamento da luz estelar em si mesmo, precisa harmonizar-se com os objetivos que busca e com a lucidez e o amor em suas atividades.

Não é fácil brilhar, só os fortes de espírito conseguem conviver com o brilho estelar aceso em si mesmos e, ao mesmo tempo, serem apenas seres humanos normais com todos os percalços inerentes a essa condição. 

Cada homem tem asas espirituais, mas precisa aprender a abri-las. 

Leva tempo para um homem transformar-se em anjo completamente, leva vidas e muita paciência. 

Primeiro, há de treinar o anjo na carne, vida após vida. Lentamente, as asas de luz vibrarão na freqüência estelar adequada. 

No devido tempo, a ascensão ocorrerá, não por motivações místicas ou religiosas, mas pelo próprio nível de consciência manifestado.

Ninguém está no mundo por acaso! 

Só vence a roda reencarnatória quem apresenta serviço digno sem esperar nenhum tipo de recompensa ou reconhecimento. Só sai da Terra para os mundos felizes ou para os planos da pura luz, aqueles que operarem dignamente na freqüência do amor e dos ditames superiores. 

E que ninguém se engane: não há como enganar a leis de causa e efeito! A cada um segundo a abertura e vibração de suas asas!

Ele explicou os princípios herméticos da maneira mais simples, sua didática era perfeita. Ele trazia o conhecimento das estrelas diretamente ao coração dos homens.

Em sete conceitos fundamentais ele resumiu a ciência estelar: 

1. Princípio de Mentalismo: "O TODO é pura consciência!" (O TODO está em tudo!).

2. Princípio de Correspondência: "O que está em cima é como o que está embaixo. O que está embaixo é como o que está no alto, no milagre de uma só coisa!" (O macrocosmo e o microcosmo integrados na percepção de quem sabe da UNIÃO!). 

3. Princípio de Vibração: "Tudo vibra, nada está parado!" (Há vida em tudo! Tudo é energia!). 

4. Princípio de Polaridade: "Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, opostos e iguais!" (O jogo do chi - a força vital - em sua dupla manifestação natural: Yin e Yang; a analogia dos contrários gerando a pulsação vital!). 

5. Princípio de Ritmo: "Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; à direita e à esquerda; o ritmo é o equilíbrio!" (O sábio comanda os ciclos vitais obedecendo-os, nunca os violentando! Ele sabe que tudo tem sua época e que a balança oscila de acordo com o peso específico de cada ação. Por isso, ele é puro equilíbrio em seus passos! Ele sabe dançar no fio da navalha sem corromper-se!). 

6. Princípio de Causa e Efeito: "Toda causa tem seu efeito; todo efeito tem sua causa; todas as coisas acontecem de acordo com a Lei. O acaso é um nome dado a uma lei não reconhecida. Existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa a Lei!" (O TODO é causa. Na causa, o efeito! A cada um segundo suas obras!). 

7. Princípio de Gênero: "O Gênero está em tudo; tudo tem os seus polos masculino e feminino; o Gênero se manifesta em todos os planos!" (O princípio gerador está em tudo. No TODO, a Gênese de tudo. Na natureza dos seres e das coisas, a manifestação vital disso. Todo espírito é co-criador! O PAI-MÃE do universo manifesta-se em cada ser. Logo, o potencial criador está dentro de cada um!). 

O sábio das estrelas ensinou essas leis herméticas para diversas gerações de iniciados que chegavam de vários lugares do mundo antigo para beberem na fonte de sua sabedoria. 

Dotado da divina percepção, ele abria portais interdimensionais e observava espiritualmente os tempos futuros. 

Em uma dessas vezes, ele viu alguém escrevendo em um estranho aparelho dotado de uma tela clara. 

Acima dessa pessoa, havia um raio de luz branca incidindo diretamente em seu chacra coronário. 

Ao seu lado, um espírito de porte real, austero, projetando um raio de luz azul marinho brilhante de seu chacra frontal ao chacra frontal do rapaz que escrevia. Vendo aquela cena futura, ele riu. Pois, sabia que o texto era sobre ele. 

Sabia que os ensinamentos estelares passariam secretamente, de geração em geração, até o ponto de serem compreendidos exotericamente pelas pessoas de vários níveis e procedências, até o ponto de serem veiculados por aparelhos estranhos em suas próprias casas. 

O sábio refletiu sobre aquela visão. 

Pensou: 

"Será que as gerações futuras perceberão suas asas vibrando ao tomarem ciência dos princípios herméticos? 
Serão impulsionadas pelos ventos da maturidade? 
Sentirão o toque do infinito em seus corações e mentes? 
Serão serenas em suas pesquisas espirituais? 
Estarão munidas da devida paciência? 
Serão fortes para enfrentarem seus medos e bloqueios de frente, como desbravadores espirituais das fronteiras dimensionais? 
Estarão embuídos de real valor em seus estudos? 
Serão pessoas conscientes de que são estrelas do TODO viajando pelas vidas em corpos adaptados às suas necessidades de aprendizado e compreensão? 
Terão certeza da própria imortalidade? 
Serão pessoas lúcidas, amorosas, alegres, sensatas, responsáveis e equânimes em seus propósitos? 
Singrarão os céus de Athor como anjos fora de seus corpos carnais? 
Viajarão conscientemente para fora da Terra, rumo aos planos extrafísicos elevados para outros aprendizados, enquanto seus corpos dormem? 
Agradecerão ao Supremo Comandante da vida as oportunidades de ascensão que cada experiência humana oferece? 
Perceberão a UNIÃO?" 

Terminada sua missão nas terras quentes do Antigo Egito, o sábio ascendeu às esferas superiores, além dos fugazes brilhos terrenos. Parecia um anjo, mas era apenas alguém conectado à Consciência Cósmica. Era apenas um ser realizado nas artes espirituais. 

Não era apenas o iniciado, era o GRANDE INICIADO! 

Não era como muitos iniciados de hoje, cheios de graus iniciáticos misturados com arrogância e egoísmo exacerbado. 

Aquele homem-anjo-estelar era simples consciência e amor, sempre de bom humor, pleno de esperanças no futuro dos homens, da Terra e de outros orbes. 

Seus ensinamentos estão marcados indelevelmente na pele espiritual do planeta e no coração dos iniciados responsáveis de todos os tempos. 

Esse sábio das estrelas foi conhecido por diversos nomes ao longo da História: Toth no Egito; Hermes na Grécia; Mercúrio em Roma; Henoc para os judeus; Mensageiro de Osíris para os iniciados; Hermes Trismegisto (Trimegistus, Trimegistro), o Três Vezes Grande! 

Aqui e agora, usando o "estranho aparelho" chamado de computador, registro o que Sanat Khum Maat, o amparador do raio azul no chacra frontal, diretor espiritual e inspirador desse texto, deseja passar: 

"Oh mestres da luz! Suas pegadas luminosas guiam nossos caminhos. Inspirem nossas jornadas, humanas e espirituais. Orientem nossos passos nas trilhas da vida e nossos vôos nos céus de Athor.

Que o Pai Osíris abra a lucidez em nossas consciências. 

Que Hórus, o Filho divino, portador da luz, estimule o amor em nossos corações.

Que a Mãe Ísis, desveladora do véu da ignorância, vivifique o nosso ventre. 

Que Maat, a Senhora da justiça, seja amparadora de nossos atos e escolhas. Que os ensinamentos do sábio das estrelas calem fundo em nós todos! 

O TELESMA de todos está aqui e sua força é convertida em terra, pela presença digna dos trabalhadores da luz abrindo suas asas na crosta do mundo! Com a ponta de um diamante espiritual, o sábio estelar gravou a chave de seus ensinamentos na alma do mundo e no coração dos justos: 

ACORDE! RECORDE QUE VOCÊ É UM HOMEM, QUE VEIO DE UMA ESTRELA, QUE ESTÁ EM UMA ESTRELA E QUE IRÁ PARA OUTRA ESTRELA. POUSE SUAVE! OS MESTRES ORIENTAM!" 

Ainda usando o "estranho aparelho" para escrever, lembro-me agora de outro de seus ensinamentos secretos: 

"MEDITE: VOCÊ VESTE O VESTIDO PARA DESCER E TIRA O VESTIDO PARA SUBIR!


Avôhai

Zé Ramalho: Quando eu fiz esta música eu criei esta palavra. Ela significa avô e pai. É uma espécie de homenagem ao meu avô, que foi a pessoa que me criou. Ele fazia o papel de avô e de pai. Meu pai morreu muito jovem, nos açudes do sertão, morreu afogado quando eu era garotinho. Então foi meu avô que me educou, foi quem me ensinou a seguir o caminho do bem, a batalhar minhas coisas. Eu me inspirei na imagem dele. E me chegou a palavra [avohai]... Ao mesmo tempo ela é interpretada pelas pessoas que a ouvem das mais diversas formas. É uma coisa muito mística também, representa a continuidade da espécie, ou seja, passar a sabedoria de uma geração para a outra... O avô passa para o pai, que passa para o filho e aí por diante...



Avôhai
Zé Ramalho

Um velho cruza a soleira
De botas longas, de barbas longas
De ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde coarava
Sua camisa e seu alforje
De caçador

Oh meu velho e invisível
Avôhai
Oh meu velho e indivisível
Avôhai

Neblina turva e brilhante
Em meu cérebro, coágulos de sol
Amanita matutina
E que transparente cortina
Ao meu redor

Se eu disser
Que é mei sabido
Você diz que é bem pior
E pior do que planeta
Quando perde o girassol

É o terço de brilhante
Nos dedos de minha avó
E nunca mais eu tive medo
Da porteira
Nem também da companheira
Que nunca dormia só

Avôhai!
Avôhai!
Avôhai!

O brejo cruza a poeira
De fato existe
Um tom mais leve
Na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos
Que amargam as pessoas
Que fitar

Mas que bebem sua vida
Sua alma na altura que mandar
São os olhos, são as asas
Cabelos de avôhai

Na pedra de turmalina
E no terreiro da usina
Eu me criei
Voava de madrugada
E na cratera condenada
Eu me calei
E se eu calei foi de tristeza
Você cala por calar
Mas e calado vai ficando
Só fala quando eu mandar

Rebuscando a consciência
Com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa
Girando na carrapeta
No jogo de improvisar
Entrecortando
Eu sigo dentro a linha reta
Eu tenho a palavra certa
Pra doutor não reclamar

Avôhai! Avôhai!
Avôhai! Avôhai!

Gado, vida?



Admirável Gado Novo
Zé Ramalho

Oooooooooh! Oooi!

Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber...
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado, Êh!
Povo feliz!...(2x)

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal...
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado, Êh!
Povo feliz!...(2x)

Oooooooooh! Oh! Oh!

O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela...
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A Arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se pode flutuar

Não voam nem se pode flutuar
Não voam nem se pode flutuar...

Êeeeeh! Oh! Oh!
Vida de gado
Povo marcado, Êh!
Povo feliz!...(2x)

Ooooooooooooooooh!

Já pensaram isso como um hino?



O Meu País
Zé Ramalho

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, fico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que crianças elimina
Que não ouve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem deus é quem domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão baixa a cerviz
E massacram-se o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país

Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos
E maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis
E o respaldo de estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, fico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornofonês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
Que não pode esconder a cicatriz
De um povo de bem que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é com certeza o meu país

Um país que seus índios discrimina
E as ciências e as artes não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde escola não ensina
E hospital não dispõe de raio-x
Onde a gente dos morros é feliz
Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, fico calado, faz de conta que sou mudo

Um país que é doente e não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que engoliu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividem o brasil em mil brasis
Pra melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser o país do faz-de-conta
Mas não é com certeza o meu país

Tô vendo tudo, tô vendo tudo
Mas, fico calado, faz de conta que sou mudo

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Julian Assange - A verdade


O Copyleft explicado às crianças


Do 'Booklet' inserido na revista 'Il Mucchio Selvaggio', n. 526, de 25 a 31 março 2003:

O Copyleft explicado às crianças
Para tirar de campo alguns equívocos por Wu Ming 1 - traduzido para o português por eBooksCult.com.br

'Mas se qualquer um pode copiar seus livros e fazê-lo sem comprá-los, como vocês sobrevivem?' Esta pergunta é feita freqüentemente, na maioria das vezes seguida desta observação: 'Mas o copyright é necessário, é preciso proteger o autor!'.

Este tipo de enunciado revela quanta fumaça e quanta areia a cultura dominante (baseada no princípio da propriedade) e a indústria do entretenimento conseguiram lançar nos olhos do público. Nos media e nos encéfalos campeia a ideologia confusionista em matéria de direitos autorais e de propriedade intelectual, apesar do renascer dos movimentos e as transformações em curso os estarem pondo em crise. Só aos sangue-sugas e aos parasitas de toda espécie é cômodo fazer crer que 'copyright' e 'direito autoral' são a mesma coisa, ou que a contraposição seja entre 'direito autoral' e 'pirataria'. Não é assim.

Os livros do coletivo Wu Ming são publicados com os seguintes dizeres: 'É permitida a reprodução, parcial ou total, da obra e a sua difusão por via telemática para uso pessoal dos leitores, desde que não com finalidade comercial'. Na base está o conceito de 'copyleft' inventado nos anos Oitenta pelo 'free software movement' de Richard Stallman e companhia e atualmente difundido em tantos setores da comunicação e da criatividade, da informação científica às artes.

'Copyleft' (denso jogo de palavras intraduzível em italiano*) é uma filosofia que se traduz em vários tipos de licenças comerciais, a primeira das quais foi a GPL [GNU Public License] do software livre, nascida para proteger este último e impedir que qualquer um (Microsoft, para mencionar um nome ao acaso) se apossasse, privatizando-os, dos resultados do trabalho da livre comunidade dos usuários (para quem não o sabe, o software livre tem o 'código-fonte aberto', o que o torna potencialmente controlável, modificável e aprimorável pelo usuário, sozinho ou em colaboração com outros).

Se o software livre tivesse permanecido simplesmente em domínio público, cedo ou tarde os rapaces da indústria o teriam colocado sob suas garras. A solução foi virar o copyright pelo avesso, para trasformá-lo de obstáculo à livre reprodução em suprema garantia desta última. Em poucas palavras: ponho o copyright, uma vez que sou proprietário desta obra, portanto aproveito deste poder para dizer que com esta obra você pode fazer o que quiser, pode copiá-la, difundi-la, modificá-la, mas não pode impedir outro de fazê-lo, isto é não pode apropriar-se dela e impedir sua circulação, não pode colocar nela um copyright seu, porque ela já tem um, me pertence, e eu te enrabo.

Concretamente: um cidadão comum, se não tem o dinheiro para comprar um livro do Wu Ming ou não o quer comprar às escuras, pode tranquilamente fotocopiá-lo ou passá-lo por um scanner com software OCR, ou - solução muito mais cômoda - pegá-lo grátis do nosso sítio www.wumingfoundation.com. Esta reprodução não é visando lucro, e nós a autorizamos. Se em vez disso um editor estrangeiro quer fazê-lo traduzir e comercializá-lo em seu país, ou se um produtor cinematográfico quer fazer dele roteiro de um filme, neste caso a utilização visa lucro, portanto estes senhores deverão pagar (porque é justo que 'lucremos' nós também, já que nós é que escrevemos o livro).

Voltanto à pergunta inicial: mas não perdemos dinheiro com isso?

A resposta é um seco não. Cada vez mais experiências editoriais demostram que a lógica 'cópia pirateada = cópia não vendida' de lógico não tem mesmo nada. De outro modo não se compreenderia como pôde o nosso romance Q, disponível grátis há mais de três anos, ter chegado à duodécima edição e superado duzentas mil cópias vendidas.

Em realidade, editorialmente, quanto mais um obra circula, mais vende. Exemplos dignos de respeito nos vêm dos USA - que seguramente são um país obsessionado pela propriedade intelectual - e foram expostos com cristalina precisão pelo meu colega Wu Ming 2 em um artigo que você pode ler aqui: http://www.wumingfoundation.com/ italiano/ Giap/ giap2_IV.html #copyright1

Mesmo sem incomodar o Massachussetts Institute of Technology, basta trocar em miúdos o que acontece com nossos livros: um usuário X se conecta ao nosso sítio e pega, digamos, 54; faz isso do escritório ou da universidade, e quando imprime, não gasta um centavo; lê e gosta; gosta tanto que decide dá-lo de presente, e não pode fazer o papelão de dar de presente uma resma de papel A4! Por isso, vai a uma livraria e compra. Uma cópia 'pirateada' = uma cópia vendida. Há quem tenha pego um livro nosso e, depois de lê-lo, o deu de presente pelo menos seis ou sete vezes. Uma cópia 'piratata' = mais cópias vendidas. Mesmo quem não dá o livro de presente, porque está sem dinheiro, como gostou do livro, fala dele por aí e cedo ou tarde alguém o comprará ou fará como foi descrito acima (download-leitura-compra-presente). Se alguém não gostar do livro, pelo menos não terá gasto um tostão.

Deste modo, como acontece com o software livre e com o Open Source, concilia-se a exigência de uma justa compensação pelo trabalho desenvolvido por um autor (ou mais genericamente de um trabalhador do conhecimento) com a proteção da reprodutibilidade da obra (isto é do seu uso social). Exalta-se o direito autoral deprimindo o copyright, na cara dos que creem que são a mesma coisa.

Se a maioria dos editores não se apercebeu ainda desta realidade e ainda é conservadora em matéria de copyright, é por questão mais ideológica que mercantil, mas acreditamos que não tardarão a acordar. A editoração não está em risco de extinção como a indústria fonográfica: a lógica é outra, outros os suportes, outros os circuitos, outro o modo de fruição, e sobretudo a editoração não perdeu ainda a cabeça, não reagiu com retaliações em massa, denúncias e processos à grande revolução tecnológica que 'democratiza' o acesso aos meios de reprodução. Há alguns anos uma masterização de cd só a tinha à disposição uma gravadora, hoje a temos em casa, em nosso computador pessoal. Para não falar do peer-to-peer etc. Esta é uma mudança irreversível, frente à qual toda a legislação sobre propriedade intelectual se torna obsoleta, vai em putrefação.

Quando o copyright foi introduzido, há três séculos, não existia nenhuma possibilidade de 'cópia privada' ou de 'reprodução sem fins de lucro', porque só um editor concorrente tinha acesso às máquinas tipográficas. Todos os demais só podiam ficar quietinhos e, se não podiam comprá-los, simplesmente renunciar aos livros. O copyright não era percebido como anti-social, era a arma de um empresário contra um outro, não de um empresário contra o público. Hoje a situação está drasticamente mudada, o público não está mais obrigado a ficar quietinho, tem acesso ao maquinário (computador, fotocopiadoras etc.) e o copyright é uma arma que dispara na multidão.

Haveria ainda um outro assunto a tratar, muito mais importante: partimos do reconhecimento da gênese social do saber. Ninguém tem idéias que não tenham sido direta ou indiretamente influenciadas por suas relações sociais, pela comunidade de que faz parte etc. e então se a gênese é social também o uso deve permanecer tal qual. Mas este é um assunto muito longo. Espero ter me explicado bem. Para esclarecimentos ulteriores: giap@wumingfoundation.com

(*)'Left (esquerda) pode se contrapor a right: direita, mas também direito. Copyright seria, a uma só vez, direito de copiar, mas também cópia de direita. Ainda mais, left pode ser o passado de leave (deixar), significando cópia deixada, no sentido de deixar copiar. Estes sentidos escapam também em português, não apenas em italiano. Esses jogos de palavras, sintéticos, são interessantes e, muitas vezes, exprimem melhor o pensamento do que complexas expressões lineares. Nesta tradução, por exemplo, fui muito (muito mesmo!) tentado a traduzir 'espiegato ai bambini' por 'explicado aos miúdos', trocadilhando com nossa língua comum, nem tão comum, de lusitanos e portugueses d'aquém-mar:) - [NT]

domingo, 26 de janeiro de 2014

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Quem é você?



Quem é você?
Detonautas

Você trabalha feito um burro de carga
Puxando um sistema podre que é bancado com o seu suor
E sexta-feira vai a igreja comungar com sua família
A voz sagrada Jesus Cristo é o Senhor
Deixa parte do salário em retribuição a dádiva divina da palavra do pastor.
É melhor garantir um lugar no céu
Aqui nesse inferno tenta só sobreviver
e o que salva é a cervejeira no fim de semana
Assistindo o jogo do seu time preferido na TV
Segunda-feira o seu filho tá em casa
Porque a escola onde estuda não tem nem um professor
E o professor esta na rua apanhando da policia tá cobrando seu salário do Governador
Enquanto isso numa casa confortável uma família abastada reunida assiste televisão
E praguejando fala mal de quem esta na rua enfrentando
E dando a cara pra lutar contra a situação!
Um fura fila que entrou na sua frente conseguiu ser atendido muito antes de você
E aquele cara que foi reclamar do caso
Chamaram de barraqueiro que não tinha o que fazer
A sogra dele há semanas na espera, vai pensando que já era, não consegue o leito em um hospital
E na favela aquela guerra continua traficante e policia no controle social!

Mas, quem é você?
Quem é você?
Quem é você?

Tu fuma um Beck e é chamado de financiador
Por um senhor que toma uísque e bate na mulher
E nego enche a cara no fim de semana
Sai de carro dirigindo mata cinco e puxa o carro e sai de ré
A gente gasta são 6 meses de salário dando tudo pro governo
E não tem quase nada em troca
E o governo vai tomando e gastando seu dinheiro
Eles são o parafuso e você é a a porca
Já passou 500 anos dessa história e não mudou tanto assim desde a colonização
A diferença é que hoje o colonizador é aplaudido num programa de televisão
A gente acha como se por um milagre Deus no auge da bondade fosse interceder e
Enquanto esse diga não chega a gente vai aceitando
E esperando alguma coisa acontecer

Mas, quem é você?
Quem é você?
Quem é você?

O teu avô que trabalhou a vida inteira dia e noite noite e dia até se aposentar
Recebe agora uma miséria de salário
Fica 10 horas na fila esperando e não pode reclamar
Mas as crianças vão crescer e o futuro do Brasil por algum dia deverá ser bem melhor!
Só que o problema é que as crianças tão crescendo
Com seus pais longe de casa e mais ninguém a seu redor!
Eu não queria te dizer mas vou ter que falar
Tu é esperto mas tá sendo passado pra trás
Pode ser que quando tu percebas isso lá na frente já seja tarde demais

Agora dance! Agora dance
Mão na cabeça, mão no joelho
Fica de quatro, não pode parar
Agora dance
Dance
Mãozinha prum lado bundinha pro outro se finge de morto mas não pare de dançar!
Mas não pare de dançar!

domingo, 12 de janeiro de 2014

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Seja gentil


Seja gentil - Charles Bukowski

sempre nos é pedido
que entendamos os pontos de vistas das
outras pessoas
não importa o quão
ultrapassado
tolo ou
odioso.

exige-se de alguém
que encare
os erros totais dos outros
o desperdício de suas vidas
com
gentileza,
especialmente se eles já forem
velhos.

mas a idade é a soma de
nossos atos.
eles envelheceram
sem dignidade
porque
viveram
desfocados,
recusaram-se a enxergar.

e não por culpa deles?

então de quem é a culpa?
minha?

pedem-me para esconder
dessas pessoas
meu ponto de vista
por medo do medo
delas.

envelhecer não é nenhum crime.

mas a vergonha
de uma vida
deliberadamente
desperdiçada
entre tantas outras
vidas
deliberadamente
desperdiçadas

é.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Nos Barracos da Cidade



Nos Barracos da Cidade
Gilberto Gil

Nos barracos da cidade
Ninguém mais tem ilusão
No poder da autoridade
De tomar a decisão
E o poder da autoridade, se pode, não faz questão
Mas se faz questão, não
Consegue
Enfrentar o tubarão

Ôôô , ôô
Gente estúpida
Ôôô , ôô
Gente hipócrita

E o governador promete,
Mas o sistema diz não
Os lucros são muito grandes,
Grandes... ie, ie
E ninguém quer abrir mão, não
Mesmo uma pequena parte
Já seria a solução
Mas a usura dessa gente
Já virou um aleijão

Ôôô , ôô
Gente estúpida
Ôôô , ôô
Gente hipócrita

Ôôô , ôô
Gente estúpida
Ôôô , ôô
Gente hipócrita
Ôôô , ôô
Gente estúpida
Ôôô , ôô
Gente hipócrita

Wake me up

Não sei se já postei esse vídeo, mas não tem importância, pois é muito legal... Dá para repetir mole, mole...



Wake Me Up

Feeling my way through the darkness
Guided by a beating heart
I can't tell where the journey will end
But I know where to start

They tell me I'm too young to understand
They say I'm caught up in a dream
Well life will pass me by if I don't open up my eyes
Well, that's fine by me

So wake me up when it's all over
When I'm wiser and I'm older
All this time I was finding myself
And I didn't know I was lost

So wake me up when it's all over
When I'm wiser and I'm older
All this time I was finding myself
And I didn't know I was lost

I tried carrying the weight of the world
But I only have two hands
I hope I get the chance to travel the world
But I don't have any plans
I wish that I could stay forever this young
Not afraid to close my eyes
Life's a game made for everyone
And love is the prize

So wake me up when it's all over
When I'm wiser and I'm older
All this time I was finding myself
And I didn't know I was lost

So wake me up when it's all over
When I'm wiser and I'm older
All this time I was finding myself
And I didn't know I was lost

I didn't know I was lost
I didn't know I was lost
I didn't know I was lost
I didn't know I was lost

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

As amizades de facebook

Não é por ser muito mais velho que eu, pois pelos seus estudos duvido que uma mente dessas envelhece na mesma proporção que a minha, mas todos estamos querendo saber para onde vão as relações humanas com o advento das ditas "Redes Sociais". Sempre existem os "mudernos" que teorizam sobre os aspectos psicológicos e analíticos desse emaranhado de conexões, insistindo que não é um mal e sim o evoluir das coisas, os mesmos que teorizam os BBBs da vida. Eu, pelo meu lado, não acho normal. Consequências hão de aparecer, mesmo que não sejam nada catastróficas.



domingo, 5 de janeiro de 2014

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Estas Tonne

Um amigo me enviou via Facebook. Obrigado Voodoo!!!!

Feche seus olhos....  É isso que está sentindo que espero para você todos os dias do ano..... 


Rebellion (in my mind)



Rebellion
Van Canto

The clans are marching 'gainst the law
Bagpipers play the tunes of war
Death or glory I will find
Rebellion on my mind

The clans are marching 'gainst the law
Bagpipers play the tunes of war
Death or glory I will find
Rebellion on my mind

Rumours know
That rebellion will break out
Bonnie Prince Charles is in the highlands
To claim his crown no doubt
He raised his Standard at Glenfinnen
Calling to our pride
The Jacobites are gathering
I'll be at their side

Armed and ready stand
My rights I must defend
Steel is in my hand

The clans are marching 'gainst the law
Bagpipers play the tunes of war
Death or glory I will find
Rebellion on my mind

The town of Edinburgh
Fell soon in our hands
Defeated the English
At the Battle of Prestopans

Armed and ready stand
My rights I must defend
Steel is in my hand

The clans are marching 'gainst the law
Bagpipers play the tunes of war
Death or glory I will find
Rebellion on my mind

The clans are marching 'gainst the law
Bagpipers play the tunes of war
Death or glory I will find
Rebellion on my mind